A origem do cacau é contada pelos povos pré-colombianos. O
deus asteca dos ventos gelados e da lua prateada, Quetzalcóatl, ofereceu aos
seres humanos um presente: sementes de um fruto mágico, que era capaz de repor
a energia das pessoas, aliviando o cansaço. Quetzalcóalt foi aos campos
luminosos do Reino dos Filhos do Sol e roubou as sementes da árvore sagrada, o
cacaueiro. Os primeiros a cultivarem a árvore foram os sacerdotes astecas. Os
frutos estavam intimamente ligados à religiosidade, devido à lenda. Das favas
desses frutos, os astecas produziam uma bebida amarga que, segundo a crença,
possuía "poderes especiais" e só podia ser tomada em taças de ouro.
O conquistador espanhol Fernando Cortés, quando chegou ao
México em 1519, teve contato com a bebida dos astecas. Em carta ao rei Carlos
V, Cortés relatou as propriedades energéticas da maravilhosa bebida: bastava
uma taça daquele precioso líquido para que a pessoa recuperasse a energia
perdida em um dia de caminhada, sem necessidade de qualquer outro alimento.
Cortés afirmou que o imperador dos astecas, Montezuma, nunca se servia da
bebida sagrada na mesma taça de ouro. Mais do que uma demonstração de riqueza,
tal prática provava a enorme reverência que os astecas tinham pela bebida.
Da amarga bebida dos astecas ao delicioso chocolate apreciado
nos dias de hoje, o cacau teve uma trajetória bastante singular. O gosto amargo
da bebida não agradava aos europeus que, aos poucos, foram adicionando
especiarias, açúcar e outros condimentos. A partir daí, a bebida, tomada
quente, conquistou todas as cortes européias e se tornou privilégio das elites.
Logo depois, o cacau passou a ser processado em tabletes, que eram facilmente
transformados em bebida.
A Espanha detinha praticamente toda a produção de cacau e
chocolate quando, em 1778, estes passaram a ser industrializados nos Estados
Unidos e na Holanda. O holandês Van Houten foi pioneiro na indústria de
chocolate em seu país e, segundo alguns estudiosos, produziu os primeiros ovos
de chocolate consumidos na Páscoa.
Theobroma Cacao, que em grego significa "alimento dos
deuses", é o nome científico do cacaueiro, espécie nativa da floresta
tropical úmida americana, que teve sua origem, provavelmente, nas nascentes dos
rios Amazonas e Orenoco, depois ultrapassou os Andes, atingindo Venezuela,
Colômbia, Equador, países da América Central, México e também o Brasil, ao
longo do rio Amazonas. O cacaueiro foi introduzido na Bahia, em 1746, pelo
colono francês Luís Frederico Warneaux, que trouxe as sementes do Pará.
Atualmente, a Bahia é o maior produtor nacional de cacau, atendendo os mercados
interno e externo.
Do livro: Datas Comemorativas cívicas e históricas, publicado
por Paulinas Editora.