A dona
de casa Tatiane Santana, 37 anos, também tem um filho matriculado no Henrique
Brito. “Se ele for para o Colégio Góes Calmon (na Avenida Dom João VI), o mais
próximo, terá que pegar ônibus. A gente não tem dinheiro. São R$ 3,70 para ele.
E eu, se quiser levar e buscar, gasto R$ 14,80”, reclama.
O
professor Glauber Santana, que ensina educação física há 19 anos no Henrique
Brito, afirma que os docente estão mobilizados para manter a escola
funcionando. Segundo ele, a violência e o custo com o transporte são as
principais queixas dos pais que procuram a escola diante do possível
fechamento.
“Ter
a escola próxima das comunidades é fundamental. Para além da educação, é uma
questão social, de qualidade de vida”, diz Glauber Santana. Na próxima
segunda-feira, alunos, pais de estudantes e professores da unidade vão fazer
uma manifestação na Avenida Bonocô contra o plano de reestruturação.
Na
Escola Estadual Cupertino Lacerda, em Amaralina, a preocupação com a guerra de
facções também é uma realidade. Por lá, o temor é que os alunos que moram no
Nordeste de Amaralina e Vale das Pedrinhas sejam matriculados em escolas
localizadas em comunidades dominadas por grupos rivais, como Santa Cruz.
Professores
da unidade, que tem 520 estudantes matriculados, contaram que foram comunicados
no início de novembro sobre a possibilidade de fechamento e começaram a se
mobilizar. Um dos protestos ocorreu na última terça-feira. Assim como no
Henrique Brito, o turno da noite do Cupertino já havia sido cancelado no
ano passado. Nesse turno, eram atendidos alunos do programa Educação de Jovens
e Adultos (EJA).
“Nossos
filhos não podem ficar vulneráveis a essa guerra de facções. Estamos falando de
vidas, que estão no meio dessa disputa”, destaca a técnica de enfermagem
Vanessa Rocha, 38 anos, que tem uma filha matriculada na unidade, fundada há
mais de 50 anos.
Ela
diz que a escola, que era utilizada pela comunidade nos finais de semana para
atividade de lazer, sofre com a degradação há anos. “Não fazem reformas, não
investem na infraestrutura. Agora, simplesmente, querem fechar”,
queixa-se.
A
ambulante Magda Conceição, 26 anos, vê a distância como problema maior. “Aqui
(em Amaralina), posso levar e buscar meu filho na escola. A gente também podia
ficar de olho neles, porque a escola é perto. Se fecharem, teremos que pagar
ônibus. Por isso que tem evasão. Até onde eu sei, a escola tem que estar
próxima do aluno”, critica.
O
professor de ciências naturais José Carlos Silva, 63 anos, 27 deles lecionando
na escola, lamenta a medida. “Foi de cima para baixo, não fomos ouvidos, nem
consultaram pais e alunos. No começo, falaram que já estava definido. Agora,
como caímos para dentro, eles recuaram e querem discutir”, disse.
Lhirill
Santana, 15 anos, estuda no oitavo ano do Cupertino de Lacerda e diz que a
escola oferta uma série de atividades. “Não é só aula. Temos atividades
esportivas, jogos e oficinas de arte”, conta o aluno.
Continua
a seguir...