O
presidente eleito, Jair Bolsonaro, criticou ontem (5) o Exame Nacional
do Ensino Médio (Enem) e considerou a prova realizada ontem (4) como um
“vexame” e uma “doutrinação exacerbada”. Em entrevista ao jornalista José Luiz
Datena, na TV Band, Bolsonaro afirmou que a questão ideológica é grave no país
que precisa ser enfrentada.
“Tão
mais grave que a corrupção é a questão ideológica no Brasil, que está muito
arraigada por parte de alguns aqui em nossa pátria e você tem que lutar contra
isso. Até a própria prova do Enem, é um vexame você ver o que é uma prova do Enem,
o que mede conhecimento, por exemplo, essa primeira parte realizada no
domingo passado, ou seja, uma doutrinação exacerbada”, declarou Bolsonaro.
O
presidente disse ainda que o Enem deveria cobrar “conhecimentos úteis” para a
sociedade em vez de tratar de assuntos que possam influenciar os jovens
futuramente. “Uma questão de prova que entra na dialética, na linguagem secreta
de gays e travestis não tem nada a ver, não mede conhecimento nenhum. A não ser
obrigar para que no futuro a garotada se interesse por esse assunto”, afirmou.
Mais
cedo, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), também criticou o Exame. Em
sua conta no Twitter, o filho do presidente eleito compartilhou um comentário
pejorativo sobre uma das questões em que havia um texto sobre “o dialeto
secreto” usado por gays e travestis. “Aviso que não é requisito para ser
ministro da educação saber sobre dicionário dos travestis ou feminismo”,
escreveu Eduardo Bolsonaro.
A pergunta, no entanto, não
cobrava dos estudantes o conhecimento sobre o vocabulário dos gays e travestis,
mas trazia um texto de apoio sobre o tema e questionava quais as
características técnicas para que uma linguagem seja considerada um dialeto.
O
deputado ainda recomendou aos estudantes que eles estudem o que os deixarão aptos
para a vida. “Prezados estudantes, quando vocês forem ser entrevistados para um
emprego ou estiverem abrindo um empreendimento aviso: sexualidade, feminismo,
linguagem travesti, machismo e etc terão pouca ou nenhuma importância.
Portanto, estude também o que lhe deixará apto para a vida”, escreveu Eduardo
Bolsonaro.
O deputado também
compartilhou um post que chama o Enem de “bizarro” e defende a aprovação do
projeto que quer instituir a chamada Escola sem Partido.
A prova aplicada ontem (4) teve questões de
linguagem, ciências humanas e redação, que abordaram
temas como direitos humanos, racismo, ditadura militar e
violência contra a mulher. O tema da redação foi “Manipulação do comportamento
do usuário pelo controle de dados na internet”. O conteúdo da prova teve boa
repercussão entre especialistas e professores.
O segundo dia de provas do
Enem será realizado no próximo domingo (11).
Na segunda etapa, os estudantes farão questões de ciências da
natureza e matemática.
Agencia
Brasil