A Liga Independente das
Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) decidiu na noite desta quarta-feira,
5, dividir o título do carnaval de 2017 entre a Portela, declarada campeã ao
final da apuração ocorrida em 1º de março, e a Mocidade Independente de Padre
Miguel. A escola da zona oeste do Rio havia perdido o título por 0,1 ponto, mas
recorreu alegando que um erro burocrático da Liesa levou um jurado a se basear
em um documento inválido para tirar 0,1 ponto da agremiação.
Representantes de 13 escolas
participaram de reunião na noite desta quarta: 7 foram favoráveis à Mocidade, 5
se abstiveram e apenas 1, representando a própria Portela, foi contra o recurso
da Mocidade.
A votação garante o sexto
título da Mocidade na elite do carnaval - a escola vivia um jejum de 21 anos.
Os outros títulos foram em 1979, 1985, 1990, 1991 e 1996. A Mocidade já
anunciou uma grande festa para celebrar essa conquista.
A Portela, que não era
campeã há 33 anos, mantém o jejum de títulos individuais. A última vez em que
conquistou um título sem dividir com outra escola foi em 1970. Em 1984, a
escola de Madureira dividiu o título com a Mangueira.
O imbróglio. A Mocidade, que
apresentou o enredo "As mil e uma noites de uma 'Mocidade' pra lá de Marrakesh",
liderava a apuração até o final do penúltimo quesito, Mestre-Sala e
Porta-Bandeira. Embora com a mesma pontuação da Portela (239,9 pontos), a
escola de Padre Miguel vencia no critério de desempate. Mas no último quesito,
Enredo, a escola recebeu dois 10 e duas notas 9,9. A menor das quatro notas é
descartada - então, se a escola tivesse recebido apenas um 9,9, essa nota seria
descartada e a Mocidade seria campeã. Como foram duas notas 9,9, a Mocidade
perdeu 0,1 ponto, enquanto a Portela recebeu só notas dez e terminou a apuração
com 269,9 pontos, contra 269,8 da concorrente.
Autor de uma das notas 9,9,
o jurado Valmir Aleixo escreveu sobre a Mocidade, no caderno de justificativas:
"Enredo fantástico de grande densidade cultural, sustentado pela circularidade
narrativa dos Halakis. Porém, não apresentou o destaque de chão O Esplendor dos
Sete Mares, que executa função narrativa dentro do enredo, comprometendo assim
sua leitura".
Continua a seguir...