É questão insofismável na teoria marxista que o poder econômico
detém o poder político. Em outras palavras, quem detém o poder econômico, quem
controla a economia, controla conseqüentemente o poder econômico. Transporta
tal pensamento para o contexto de um Estado, aquele que possuir o poder
econômico controlará politicamente o Estado.
Analisando o contexto do
Brasil, percebemos que ou a teoria marxista não é válida ou precisa de
complementos. Isto porque, no Brasil, o Poder Econômico, concentrado no Estado
de São Paulo não detém o poder político. Há décadas, São Paulo não elege um
representante nato do Estado que se lance ao poder com uma plataforma paulista
(lembre-se que FHC é carioca).
Historicamente, iniciando nossa análise no Império, o poder
político sempre coube ao Estado de Minas Gerais, o qual, não sendo
industrializado, sempre teve a maior capacidade entre os Estados de compor os
quadros estratégicos na política e eleger os dirigentes máximos.
Recentemente este poder foi transferido aos estados do
Nordeste, os quais além de não industrializados, não possuem o setor agrícola
que Minas Gerais possui. O Nordeste possui os piores índices de
desenvolvimento econômico e social do país, porém, possuem a maior média de
deputado/senador por eleitor.
Isto leva a observar que
o simples domínio econômico não leva naturalmente ao poder político, existindo
relações entre poder político e poder econômico que transcendem o limite
geográfico, o que não é explorado pelos teóricos marxistas.
No Brasil, a elite dominante forma um bloco entre financiadores
(poder econômico) e políticos (poder político). O poder econômico no Brasil,
não age diretamente no controle político, agindo por pessoa interposta,
resultando no fato de que onde está o poder econômico não está o poder
político.
As relações em um país continental como o Brasil dependem da
formação de blocos de interesses políticos e econômicos, tornando a relação de
poder altamente complexa, levando a análise do poder econômico à análise do
processo de formação de candidaturas aos cargos eletivos.
Entender as razões do financiamento de uma campanha eleitoral
permite o entendimento das pretensões do poder econômico e como ele atua por
intermédio do poder político.