Gleidson
Seara, 16 anos, também aluno do oitavo ano da unidade, concorda e vai além:
“Vim para cá este ano e tenho prazer de estudar. Os professores, mais do que
mestres, são amigos”.
Já
Maria Rios, 16 anos, do nono ano do Henrique Brito, lembra que a escola
funciona em turno integral, o que permite a convivência maior com colegas e
professores. “Como todos somos da mesma comunidade, criamos muito vínculo.
Aqui, para nós, é uma segunda casa”, afirma.
Escolas
tradicionais em cidades do interior também integram a lista de unidades que
podem ser fechadas pelo governo do estado. Os rumores começaram em outubro e já
motivaram protestos de alunos e professores.
Uma
delas é o Instituto Ponte Nova, em Wagner, na Chapada Diamantina. A escola tem
112 anos de história e foi criada por missionários presbiterianos dos Estados
Unidos que eram da Missão Central do Brasil.
Na
época, somente três outras cidades possuíam estabelecimentos de ensino médio:
Salvador, Ilhéus e Caetité. Caso o encerramento das atividades seja confirmado,
os alunos serão transferidos para o Centro Territorial de Educação Profissional
(Cetep) da Chapada.
Outra
centenária é a Escola Estadual Maria Quitéria, em Feira de Santana. Com 101
anos de história, está localizada na Praça Fróes da Mota, atende a alunos de
diversas localidades e foi a primeira escola de meninas do município. Segundo
professores, a escola só vai funcionar até dezembro. Os funcionários estão
sendo comunicados da transferência para outras escolas.
Em
Itabuna, o Colégio Estadual Sesquicentenário (Ciso), que completa 50 anos em
2018, se destaca pela estrutura esportiva. Professores e alunos foram
comunicados no início de novembro sobre o fechamento e transferência dos
estudantes para outras unidades.
O
Ciso já formou atletas que se destacam em competições nacionais e
internacionais. Uma delas é a nadadora Ísis Rosário, que integra a seleção
brasileira e foi formada no colégio. No ano passado, ela ganhou o Sul-Americano
de Natação, realizado na Colômbia.
Sobre
esses casos, a SEC informou que, conforme acordado em reunião realizada na
última segunda-feira entre gestores da secretaria, representantes da APLB e dos
estudantes, “será realizado o atendimento específico em cada unidade escolar
para discutir o plano de reestruturação da rede escolar”.
No Subúrbio de Salvador, o drama é o mesmo. Por lá, os colégios estaduais Sara
Violeta, no Rio Sena, e Tereza Helena Mata Pires, no Alto do Cabrito, estão na
lista de corte. Alunos e professores das duas unidades realizaram manifestações
na semana passada.
Uma
mãe que pediu para não ser identificada contou que, caso o Sara Violeta seja
fechado, o filho dela, de 13 anos, ficará sem estudar. “Isso já foi conversado.
Eu não vou permitir que ele fique exposto no meio desse fogo cruzado se for
para uma comunidade rival. Esses governantes não sabem as regras das facções”,
afirmou.
A
ambulante Carla Sampaio, 39 anos, se preocupa com a qualidade da educação.
“Hoje sabemos que a escola pública já está muito aquém. Imagine se as escolas
forem fechadas e nossos filhos jogados dentro de salas lotadas?”,
questiona ela, cujo filho estuda na unidade do Alto do Cabrito e teme que ele
seja transferido.
Correio