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terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Fechamento de escolas estaduais afeta a vida de 30 mil estudantes – Parte lll



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Gleidson Seara, 16 anos, também aluno do oitavo ano da unidade, concorda e vai além: “Vim para cá este ano e tenho prazer de estudar. Os professores, mais do que mestres, são amigos”. 
Já Maria Rios, 16 anos, do nono ano do Henrique Brito, lembra que a escola funciona em turno integral, o que permite a convivência maior com colegas e professores. “Como todos somos da mesma comunidade, criamos muito vínculo. Aqui, para nós, é uma segunda casa”, afirma. 
Escolas tradicionais em cidades do interior também integram a lista de unidades que podem ser fechadas pelo governo do estado. Os rumores começaram em outubro e já motivaram protestos de alunos e professores. 
Uma delas é o Instituto Ponte Nova, em Wagner, na Chapada Diamantina. A escola tem 112 anos de história e foi criada por missionários presbiterianos dos Estados Unidos que eram da Missão Central do Brasil. 
Na época, somente três outras cidades possuíam estabelecimentos de ensino médio: Salvador, Ilhéus e Caetité. Caso o encerramento das atividades seja confirmado, os alunos serão transferidos para o Centro Territorial de Educação Profissional (Cetep) da Chapada. 
Outra centenária é a Escola Estadual Maria Quitéria, em Feira de Santana. Com 101 anos de história, está localizada na Praça Fróes da Mota, atende a alunos de diversas localidades e foi a primeira escola de meninas do município. Segundo professores, a escola só vai funcionar até dezembro. Os funcionários estão sendo comunicados da transferência para outras escolas. 
Em Itabuna, o Colégio Estadual Sesquicentenário (Ciso), que completa 50 anos em 2018, se destaca pela estrutura esportiva. Professores e alunos foram comunicados no início de novembro sobre o fechamento e transferência dos estudantes para outras unidades. 
O Ciso já formou atletas que se destacam em competições nacionais e internacionais. Uma delas é a nadadora Ísis Rosário, que integra a seleção brasileira e foi formada no colégio. No ano passado, ela ganhou o Sul-Americano de Natação, realizado na Colômbia. 
Sobre esses casos, a SEC informou que, conforme acordado em reunião realizada na última segunda-feira entre gestores da secretaria, representantes da APLB e dos estudantes, “será realizado o atendimento específico em cada unidade escolar para discutir o plano de reestruturação da rede escolar”.

No Subúrbio de Salvador, o drama é o mesmo. Por lá, os colégios estaduais Sara Violeta, no Rio Sena, e Tereza Helena Mata Pires, no Alto do Cabrito, estão na lista de corte. Alunos e professores das duas unidades realizaram manifestações na semana passada. 

Uma mãe que pediu para não ser identificada contou que, caso o Sara Violeta seja fechado, o filho dela, de 13 anos, ficará sem estudar. “Isso já foi conversado. Eu não vou permitir que ele fique exposto no meio desse fogo cruzado se for para uma comunidade rival. Esses governantes não sabem as regras das facções”, afirmou. 
A ambulante Carla Sampaio, 39 anos, se preocupa com a qualidade da educação. “Hoje sabemos que a escola pública já está muito aquém. Imagine se as escolas  forem fechadas e nossos filhos jogados dentro de salas lotadas?”, questiona ela, cujo filho estuda na unidade do Alto do Cabrito e teme que ele seja transferido.

Correio


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