Confirmadas
as expectativas dos analistas de mercado ouvidos semanalmente pelo Banco
Central, o Brasil terá neste ano inflação abaixo do limite de tolerância da
meta fixada para o período. Será a primeira vez que ocorre tal situação desde
que foi criado o sistema de metas de inflação, em 1999.
As
projeções do boletim Focus, divulgadas nesta segunda-feira (25) pelo BC, são de
um IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2,97% no final de 2017. A
meta de inflação é de 4,5%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual
para cima e para baixo. Por isso, se a inflação ficar abaixo de 3%, o BC estará
descumprindo o objetivo fixado pelo próprio governo.
Desde
1999, a inflação ficou fora dos limites fixados em 2001, 2002, 2003 e 2015, mas
sempre em um cenário de variação de preços excessiva, nunca o contrário. A
última vez que essa banda não foi cumprida, em 2015, a inflação oficial
ultrapassou os 10% no final do ano. O teto era de 6%.
Se o
cenário inédito de descumprimento "para baixo" se concretizar, o
presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, terá que escrever uma carta ao
ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, justificando as razões do ocorrido. Deverá
ainda detalhar as providências que serão tomadas para que a inflação volte ao
patamar fixado pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), que é quem define o
objetivo de política monetária, e dizer o prazo esperado para que isso
aconteça.
Além
da recessão, que favorece a inflação sob controle, o choque no preço dos
alimentos e bebidas, influenciado por uma safra recorde, ajudou o processo. Em
12 meses, esses produtos apresentam deflação de mais de 2%, segundo o IBGE. Parte
dos economistas acredita que o BC poderia ter começado antes, e executado com
maior intensidade, o atual ciclo de cortes na taxa básica de juros, a Selic,
hoje em 8,25% ao ano.
A
expectativa da mediana dos analistas consultados pelo boletim Focus é que os
juros encerrarão o ano em 7%, mas há quem aposte que há espaço para queda
abaixo desse patamar.
No
Relatório Trimestral de Inflação divulgado na última quinta-feira (21), o BC projetou
um IPCA de 3,2% neste ano e 4,3% no próximo. Também apontou riscos para a
continuidade da queda de preços e reforçou que irá reduzir o ritmo de queda dos
juros a partir de outubro.
Com
informações da Folhapress.