Devo
reconhecer que o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, é um homem de
coragem. Após descobrir que as Câmara Municipais gastaram em 2016 algo em torno
dos R$ 11,6 bilhões com os trabalhos legislativos de 3.761 dos 5.569 municípios
brasileiros, apresentou projeto ao Congresso Nacional propondo que estas
despesas sejam exclusivas da receita própria do município, retirando dos
cálculos as transferências constitucionais da União. Nos cálculos do
ex-deputado federal, ex-ministro e ex-candidato à Presidência da República os
gastos relativos crescem principalmente nos municípios com até 50 mil
habitantes.
É ou
não é um homem de coragem?
Devemos
lembrar também que ele não teve uma ideia dessas quando viajava pelo interior
do seu Estado ou do País em busca de votos, apertando as mãos destes que agora
são eleitos como os responsáveis pelo desperdício de dinheiro público. Não era
oportuno, à época. Como Afif Domingos quer se apresentar como poupador de
recursos públicos, vale a pena avivar a nossa memória e recordar que ele foi
condenado, em São Paulo, quando era o vice de Reynaldo de Barros, candidato ao
governo do Estado, ambos do PDS, partido do Paulo Maluf naquela eleição.
A
punição obrigava-o a ressarcir dinheiro à Imprensa Oficial do Estado de São
Paulo (IMESP) por uso de seus funcionários para impressão de propaganda e venda
de imóvel da IMESP à Associação Comercial de São Paulo (ACSP), à época
presidida por Afif. Mas quero mesmo é
explorar a coragem do todo poderoso presidente do Sebrae.
A
proposta “afifiana” vai atingir 4.932 dos 5.570 municípios brasileiros, ou
seja: 88% das nossas municipalidades passariam a ter somente vereadores
voluntários, provocando uma diminuição de mais de R$ 10 bilhões nos gastos
públicos, como calculou a jornalista Eliane Catanhêde, “entusiasmada” com a
proposta.
Desafio
Afif Domingos, um político que quer surfar a onda da baixa aprovação da
política na opinião pública, a propor a instituição de prefeitos e secretários
voluntários nestes mesmos municípios. Tenho certeza, mesmo sem fazer os
cálculos, que a economia será estratosférica.
Se
Afif avalia que o Poder Legislativo Municipal está consumindo recursos que
poderiam ir para a saúde ou educação, devo concluir que ele será coerente e
ampliará a sua proposta para o Poder Executivo.
Como
sei que não é um oportunista querendo aparecer num momento de crise política,
espero que este homem de coragem também leve suas ideias para o Judiciário, que
navega em águas tranquilas, com altos salário e sem ser incomodado no seu
orçamento. Seria inovador ver os juízes voluntários nos municípios, todos
agradecendo ao Afif.
Anizio
Amorim, o Anizão - Vereador do PMDB de Murici, Alagoas