Mesmo com a queda maior da
Selic, o efeito da redução da taxa básica, de 13,75% para 13%, sobre os juros
das principais linhas de crédito será muito pequeno agora. Só quando novas
quedas acontecerem, e a economia voltar a crescer, com redução do desemprego e
a retomada da confiança, os juros na ponta do consumidor vão efetivamente
baixar, segundo analistas ouvidos pelo GLOBO.
De acordo com levantamento
da Anefac, enquanto a Selic subiu sete pontos percentuais, até atingir 14,25%
em julho de 2015, no mesmo período a taxa de juros média para pessoa física, em
seis linhas de crédito, apresentou elevação de 69,50 pontos percentuais,
chegando a 157,47% ao ano — mais de 1.000% acima da Selic. Por isso, diz
Oliveira, o impacto da queda da Selic no crédito tende a ser pequeno agora.
No cheque especial, no qual
os bancos praticavam uma taxa média de 12,58% ao mês (314,51% ao ano) com a
Selic em 13,75%, a Anefac estima que haverá recuo para 12,52% ao mês (311,87%
ao ano). No cartão de crédito, a taxa média de 15,33% ao mês (453,74% ao ano)
deve cair a 15,27% ao mês (450,29% ao ano).
João Augusto Salles,
especialista em bancos da consultoria Lopes Filho, explica que, por causa do
cenário de risco elevado — com desemprego em alta, economia em recessão e renda
corroída pela inflação —, os bancos elevaram suas taxas de juros muito mais do
que a Selic subiu. Com isso, aumentaram as margens de ganho (o chamado spread).
Mesmo durante o período de mais de um ano de estabilidade da Selic, em 14,25%,
os bancos continuaram elevando juros, já que havia o temor de “calotes” de
grandes empresas, principalmente as ligadas às investigações da Lava-Jato.
Cenário que se concretizou com os casos da Sete Brasil e das construtoras OAS,
Mendes Júnior e Galvão Engenharia, que pediram recuperação judicial.
— Os bancos temiam mais
perdas e foram elevando sua margem de ganho. E as pessoas físicas acabaram
penalizadas com a alta de juros — diz Salles.
Depois de Bradesco e BB, o
Santander divulgou que também reduzirá de 5% a 10% as taxas de juros das suas
principais linhas de crédito de varejo a partir de hoje. O crédito pessoal terá
a taxa mínima reduzida de 2,09% para 1,99% ao mês, e a máxima, de 8,49% para
7,99% ao mês. No CDC veículos, a mínima cairá de 1,39% para 1,25% ao mês, e a
máxima, de 2,99% para 2,79% ao mês. O Itaú Unibanco não informou se haverá
redução.
Ascom Força Sindical