Uma vez você me disse: “A
pior saudade que existe é aquela que a pessoa está ao seu lado, mas mesmo assim
nada está como antes”. Eu discordei arduamente de você! Para alguém a quem Deus
fez questão de ensinar a dizer ADEUS, a ideia de ter uma saudade mais dolorosa
que esta é inconcebível.
O tempo passou e nossa
amizade ficou em algum lugar do passado. Na semana passada, nos esbarramos
pelas ruas do bairro. Tentei conversar contigo, mas não havia assunto ou
intenção da sua parte para que a conversa perseverasse.
Primeiro pensei sobre aquela
velha máxima: “Dói quando um amigo se torna um estranho”. Afinal, havíamos nos
tornado dois estranhos. Tentei lembrar o motivo de termos nos tornados amigos
ou o motivo de termos nos afastados, mas me lembrei da nossa discussão sobre a
saudade. Era exatamente o que vivenciamos naqueles minutos na rua. Eu com
saudades das nossas conversas e intimidades. Você nem me chamou de nerd, era
este seu bullying favorito comigo.
Eu esbarrei em você, não
esbarrei na garota da qual sinto saudades. Na verdade, se eu tivesse que
apostar, eu diria que o garoto, que sente saudades daquela garota, também não
existe mais.
Percebo agora quantas vezes
me encontrei com velhos amigos esperando o mesmo afeto, porém me deparei com um
estranho de fisionomia conhecida. Não conseguia me convencer de que não era com
meu amigo que eu estava conversando.
Você já ficou numa sala
cheia de pessoas que você conhece há um longo tempo e o silêncio habitou
intensamente? Eu odeio essas ocasiões! Fujo pela primeira brecha.
Acho que agora eu sou capaz
de compreender a dor nas suas palavras naquele dia, enquanto desabafava. Dói
bastante sentir saudades de alguém que deixou de existir no corpo daquela
pessoa que você gosta tanto. Saber que a pessoa que você gosta não existe mais.
Saber que aquela intimidade não existe mais. Contudo, a pessoa continua pelo
mundo.
A sua maior saudade é das
pessoas que ainda poderiam te abraçar, mas deixaram de existir. A minha maior
saudade é das pessoas que não podem mais me abraçar, mas ainda existem.
Escrito por Thiago Romero