Em depoimento divulgado em
exclusivo pelo Globo, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto
Costa, disse que o PT recebia, normalmente, a totalidade do dinheiro desviado e
pouco ou nada seguia para o PP. De acordo com Paulo Roberto Costa, cada
contrato celebrado pela Petrobras significava uma propina de valor equivalente
a 3% do contrato feito. Desses, “2% era para atender o PT” e 1% ficava para o
PP, mas, na maioria dos casos, o partido de Lula e Dilma recebia a totalidade
do “bolo”. No entanto, diz Costa, mesmo quando a propina deveria seguir para o
PP, o dinheiro voltava sempre para os petistas.
“Em relação à Diretoria de
Serviços, todos sabiam, tinha percentual desses contratos da área de
Abastecimento: dos 3%, 2% era para atender o PT. Outras diretorias como Gás e
Energia, Exploração e Produção, também eram do PT. Tinha PT na diretoria de
Exploração e Produção, PT na diretoria de Gás e Energia e PT na área de
Serviço. Nesse caso, os 3% ficavam diretamente para o PT e não tinha
participação do PP. O PP era só na área de Abastecimento”, explicou o
ex-diretor em depoimento. Costa explicou ainda como se processavam os encontros
entre os envolvidos no esquema e como era feita a divisão. “Nós (diretores e
políticos) tínhamos reuniões com certa periodicidade. E nessas reuniões, se
comentava: recebi isto, recebi aquilo, etc. Na minha agenda apreendida em minha
residência, tem um tabela que foi detalhada no MPF, que revela os políticos que
receberam recursos relativos a campanha de 2010. Eu copiei os dados no
escritório do (doleiro Alberto) Youssef”, acrescentou Costa.
Sobre quem liderava o
esquema dentro dos partidos, o ex-diretor foi mais direto. “Dentro do PT, a
ligação era com o tesoureiro do partido, João Vaccari. A ligação era
diretamente com ele. No PMDB, na diretoria internacional, o nome que fazia a
articulação toda se chama Fernando Soares, conhecido Fernando Baiano”. Questionado
sobre como era feita a distribuição do dinheiro desviado, o ex-diretor da
Petrobras explicou: “O que era para o PP até início de 2008, quem recebia o
dinheiro era o deputado José Janene. Em 2008, ele ficou doente e faleceu em
2010. Ele já não era mais deputado (renunciou ao mandato com o mensalão em
2006). Depois que ele morreu, o esquema do PP passou a ser executado por
Alberto Youssef”.
Ele continuou: ”Meu contato
sempre foi com presidente e diretores da empresa. Assinava o contrato, passava
algum tempo, e primeira menção do serviço, 30 dias pago o serviço, havia um Gap
de 60 dias. Após esse período é que se executavam os pagamentos. Depois de 2008
já não era mais deputado. Esses valores eram repassados para ele e, mais a
frente, para Youssef”, acrescentou Paulo Roberto Costa.
Escreve Poder & Política