No
Brasil, as pessoas precisam percorrer, em média 72 quilômetros (km) para ter atendimento
médico e odontológico de baixa e média complexidade, que não exigem internação,
como consultas, exames clínicos, serviços ortopédicos e radiológicos,
fisioterapia e pequenas cirurgias. É o que mostram os dados da pesquisa Regiões
de Influência das Cidades (Regic) 2018, que o Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) antecipou devido à pandemia do novo coronavírus. A
pesquisa completa será divulgada ainda este ano.
Segundo
o IBGE, com esses dados, divulgados ontem (8), o Ministério da
Saúde e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) terão
informações sobre o deslocamento da população para as cidades em busca de
serviços de saúde, para auxiliar na elaboração de políticas públicas e
logística para enfrentar a covid-19. Os maiores deslocamentos ocorrem na Região
Norte. Manaus (AM) é a cidade que recebe pacientes que percorreram as maiores
distâncias, com média de 418 km para atendimento ou procedimentos de baixa e
média complexidade. Os menores deslocamentos são em Santa Catarina, o único estado
onde a média é inferior a 40 km, com destaque para Chapecó.
A
cidade que atende a pacientes do maior número de localidades é Goiânia
(GO), cujo sistema de saúde serve a 115 municípios. Para o coordenador de
Geografia do IBGE, Claudio Stenner, esses dados ajudam a dimensionar o impacto
social que os hospitais regionais têm na vida da população de toda a região que
atende.
“Se uma cidade tem um
hospital regional, isso significa que ele não atende somente pacientes do
município onde está localizado, mas também das cidades vizinhas. Os dados dessa
pesquisa ajudam a dimensionar o impacto disso na saúde. Daí a importância de
sabermos como as pessoas se deslocam no território das cidades”.
Para
um atendimento de alta complexidade, que são os que envolvem internação,
cirurgias, exames como ressonância magnética e tomografia, e tratamentos
especializados de alto custo, como de câncer, a média de deslocamento mais que
dobra, chegando a 155 km.
A pesquisa do IBGE revela
enorme desigualdade regional na concentração de cidades com atendimento de
referência em saúde. O estado do Rio de Janeiro apresentou
a menor média de deslocamento para alta complexidade, com 67 km, pois a capital
divide os pacientes com os municípios fluminenses de Campos de Goytacazes,
Volta Redonda e Itaperuna, e cidades mineiras, como Muriaé. Já no Nordeste, os
tratamentos de alta complexidade estão concentrados nas capitais.
Nas regiões Sudeste e Sul,
os deslocamentos para alta complexidade ficaram em 100 km em média,
enquanto em Roraima foi de 471 km e no Amazonas de 462 km. A cidade de Barretos
(SP) se mostrou um centro de referência para os tratamentos de câncer,
recebendo pacientes de 122 cidades de oito estados, incluindo Rondônia, Pará e
toda a Região Centro-Oeste. Segundo o gerente de Redes e Fluxos Geográficos do
IBGE, Bruno Hidalgo, os dados antecipados ajudarão os órgãos de saúde a
enfrentar a pandemia, identificando os locais onde pode ocorrer superlotação do
sistema hospitalar.
“É
possível identificar, por exemplo, municípios onde pode ocorrer
superlotação das unidades de saúde. Os órgãos poderão correlacionar com a
quantidade de respiradores e verificar pontos no território menos assistidos,
julgando necessária a instalação de locais de atendimento. São inúmeras as
possibilidades de uso dos dados”.
A pesquisa, feita a
cada dez anos pelo IBGE, “define a hierarquia dos centros urbanos brasileiros e
delimita as regiões de influência a eles associados”, segundo o órgão,
identificando as metrópoles e capitais regionais brasileiras e o alcance espacial
da influência delas. O último levantamento de dados foi feito no segundo
semestre de 2018.
O
IBGE adiantou que vai disponibilizar, dentro do pacote de controle da pandemia
do novo coronavírus, dados sobre os locais de compra da população, para contribuir
com o planejamento das ações de abastecimento durante o período de restrições.
Edição: Graça Adjuto/Agencia Brasil
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