A desistência de Lídice da
Mata (PSB) de concorrer à Prefeitura de Salvador pode ter representado uma
primeira vitória do projeto do PCdoB de fazer de Alice Portugal (PCdoB) a mais
representativa candidata das esquerdas à sucessão municipal. Mas está longe de
lhe assegurar o poder de se constituir como uma candidatura da unidade das
forças de oposição ao prefeito ACM Neto (DEM), a despeito de o PT já ter
sinalizado que pode apoiá-la. O sentido de derrota com que Lídice deixou o
processo é um péssimo sinal para Alice.
Aliados da senadora acham
que ela dificilmente irá hipotecar apoio à candidatura comunista, podendo,
inclusive, fazer um movimento mais à esquerda de Alice, dos quais eventuais
nomes do PSOL e da Rede, se por acaso se lançarem na disputa, podem ser uma
opção de apoio. O que Lídice, uma senadora da República, gostaria de demonstrar
com a hipotética atitude é difícil de interpretar, mas resta transparente que a
derrota da idéia de se transformar na candidata da unidade no lugar da deputada
federal do PCdoB frustrou-lhe.
Não foi apenas Lídice que
Alice e o PCdoB descontentaram. Habitualmente contido, o governador Rui Costa
(PT) fez questão de deixar claro que não aprova o jogo dos comunistas de
empurrarem a candidatura da parlamentar goela abaixo das oposições em
entrevista no final de semana passado, na qual fez questão de ressaltar sua
preferência pelo nome de sua auxiliar Olívia Santana (PCdoB), mesmo sabendo que
ela estava inelegível por não ter se desincompatibilizado da secretaria
estadual de Política para as Mulheres no prazo exigido por lei.
Foi uma forma inequívoca de
enfatizar sua desaprovação. Desde que viu fracassarem seus planos de apresentar
um candidato do PT com densidade eleitoral às eleições, Rui se convenceu de que
a melhor opção seria apoiar Olívia por considerar que ela, sendo mulher, negra
e de origem humilde, cumpriria melhor o papel de fazer o chamado “Nós contra
Eles” em relação a ACM Neto, homem, branco e rico. Para tanto, liberou sua
articulação política e o próprio PT no sentido de convencerem os partidos
aliados a se aliançarem em torno da secretária.
Por razões de economia
interna, possivelmente uma dívida de compromisso com Alice, o PCdoB avançou com
seu nome para a disputa, desconsiderando o jogo que o PT e o governo pretendiam
armar tendo os comunistas como centro e Olívia como sua representante. Ato
contínuo, o partido ainda conquistou a adesão a Alice do PSD, do senador Otto
Alencar, o que, como os fatos mostraram, tornaria um recuo seu impossível. Rui,
justificadamente, descomprometeu-se com o processo, liberou os partidos para
jogarem por conta e risco e o resultado é a confusão que armou-se. Entre todos,
no entanto, o PCdoB e Alice terão que arcar sozinhos com a ousadia.
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