Preso por tentar obstruir as
investigações da Operação Lava Jato em novembro de 2015, o senador Delcídio do
Amaral teve o mandato cassado nesta terça-feira no Senado por quebra do decoro
parlamentar. A cassação de Delcídio foi construída com 74 votos favoráveis,
enquanto nenhum senador votou contra e um se absteve. A decisão do plenário da
Casa vem cinco meses depois de PPS e Rede ingressarem com uma representação
contra o agora ex-senador no Conselho de Ética do Senado, cujo relator,
Telmário Mota (PDT-RR), recomendou a cassação em seu parecer. Com a perda do
mandato e sem foro privilegiado, o ex-líder do governo Dilma Rousseff fica
inelegível por oito anos e terá o processo na Lava Jato remetido pelo relator
no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Teori Zavascki, ao juiz federal
Sergio Moro, que conduz os processos da operação em primeira instância em
Curitiba.
Como Delcídio não compareceu
à sessão que lhe cassou o mandato e não enviou advogado para representá-lo, o
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), determinou que fosse nomeado
um defensor dativo, e o advogado Danilo Aguiar assumiu a defesa do senador. Ele
argumentou que a conduta do ex-petista não é suficiente pra perda de seu mandato
e pediu para que se aguarde o envio do aditamento da denúncia contra Delcídio
pela Procuradoria-Geral da República (PGR) "a fim de que a defesa tomasse
conhecimento de fatos novos".
Delcídio do Amaral teve a
prisão preventiva determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em
"flagrante continuado" após aparecer em gravações feitas pelo filho
do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, Bernardo,
negociando a compra do silêncio de Cerveró na Lava Jato em troca de pagamentos
mensais de 50.000 reais à família.
No diálogo gravado e
entregue à PGR, que também levou à prisão o banqueiro André Esteves, o advogado
de Cerveró, Edson Ribeiro, e o chefe de gabinete Diogo Ferreira, Delcídio
afirma que ministros do STF poderiam ser influenciados em prol da soltura de
Cerveró, promete influência do vice-presidente Michel Temer e Renan Calheiros,
e chega a planejar um mirabolante plano de fuga do ex-diretor da petrolífera ao
exterior.
"Nós temos que centrar
fogo no STF agora, eu conversei com o Teori, conversei com o Toffoli, pedi pro
Toffoli conversar com o Gilmar, o Michel conversou com o Gilmar também, porque
o Michel tá muito preocupado com o Zelada, e eu vou conversar com o Gilmar
também", maquinou o senador na conversa gravada.
Poder & Política
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