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quarta-feira, 11 de maio de 2016

Governo tentou comprar o silêncio de Delcídio do Amaral




Após 87 dias preso em Brasília, Delcídio do Amaral fechou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, homologado em março por Teori Zavascki. Nos depoimentos à PGR, ele relatou ter agido em relação à família Cerveró sob ordens do ex-presidente Lula, interessado em blindar a si e ao amigo José Carlos Bumlai. Em entrevista a VEJA, Delcídio afirmou que "o Lula queria parecer solidário, mas estava mesmo era cuidando dos próprios interesses. Tanto que me pediu que eu procurasse e acalmasse o Nestor Cerveró, o José Carlos Bumlai e o Renato Duque".
Apesar da justificativa de Delcídio em seu acordo de colaboração, o relator Telmário Mota observa que "quando o senador se propõe a auxiliar na fuga de um criminoso e influir no escorreito trabalho de um tribunal, macula não só sua imagem, mas a do Senado". Para Mota, "não há dúvida de que Delcídio do Amaral abusou gravemente de suas prerrogativas constitucionais".
Depois de uma série de cinco atestados médicos apresentados para justificar ausências nas sessões do Conselho de Ética em que teria a oportunidade de se defender, Delcídio foi ouvido ontem na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, cujo papel era o de apenas analisar se o trâmite no Conselho de Ética obedeceu à Constituição, e não discutir o mérito da denúncia.
De volta ao Senado pela primeira vez depois de ser preso, o ex-petista reiterou o conteúdo de sua delação premiada e afirmou que agiu "a mando" ao negociar a compra do silêncio do ex-diretor da Petrobras. "Admito meu erro e peço perdão por isso", disse o ex-líder do governo, que argumenta não ter cometido faltas graves o bastante para perder o mandato. "Eu não roubei, não desviei dinheiro, não tenho conta no exterior. Estou sendo acusado de obstrução de Justiça", pontuou. Apesar de ter citado o ex-presidente Lula como o mandante da negociação, o senador não mencionou o petista em sua fala na CCJ.



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