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sábado, 22 de agosto de 2015

Adeptos do Candomblé passam a garantir renda com bordados em Richelieu



Bordados tradicionais inspirados em orixás foram exibidos durante o desfile que marcou o encerramento do projeto 'Richelieu e Bordados Ancestrais', na noite de quinta-feira (20), no Instituto Goethe, em Salvador. As vestimentas, coloridas e ricas em detalhes, foram confeccionadas por representes de terreiros de candomblé, que passaram por capacitação ao longo dos mais de seis meses de projeto. A confecção foi feita utilizando o Richelieu - uma técnica francesa que garantiu a sobrevivência de ex-escravas após a abolição. Pouco conhecida entre os baianos, a técnica consiste em, manualmente, cortar espaços vazios do tecido e, entre eles, construir bordados, vazando áreas estratégicas e garantindo a formação das estampas. A tradição foi resgatada por meio do projeto, desenvolvido com apoio da Secretaria de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte do Estado (Setre), que tem como objetivo estimular a economia solidária no estado.
"O negro tem muito potencial criativo, o que eles sempre precisaram foi de incentivo. O Governo do Estado enxergou isso e está apoiando. Isso vai ajudar a potencializar as produções por representantes de religiões de matrizes africanas, garantir a renda deles e resgatar a autoestima", afirma o superintendente de Economia Solidária da Setre, Milton Barbosa. O projeto foi um dos 54 classificados pelo Edital de Apoio aos Empreendimentos de Economia Solidária de Matriz Africana, lançado em 2014 pelo Governo da Bahia. Ao todo, mais de 60 pessoas foram capacitadas a bordar utilizando o richelieu. Uma das beneficiadas foi dona Raimunda Valdete, de 64 anos. Ela sofre de problemas de articulações, mas ao lutar por uma nova profissão melhorou os movimentos.
"Sou cozinheira aposentada e agora tenho uma nova profissão. Nunca tinha bordado e me apaixonei. Melhorou até os movimentos das minhas mãos. Me sinto bem para fazer bordados com richelieu até o fim da vida", afirma. O projeto foi implementado em uma rede de seis terreiros de candomblé, capitaneados pelo Ilê Axé Ya Onira, formando o núcleo produtivo, e os núcleos comerciais com os outros terreiros. O desfile com peças produzidas ao longo de um ano do projeto foi uma oportunidade para o público ver o resultado do trabalho e entender como uma antiga tradição francesa vem sendo resgatada, por meio das comunidades afrodescendentes baianas.
No próximo dia 22, o público poderá adquirir as peças feitas pelas artesãs em uma feira que vai acontecer na sede do Ilê Axé Yá Onira, das 10 às 15h, com preços acessíveis. Nas duas iniciativas, a proposta é dar visibilidade aos primeiros trabalhos resultantes do projeto. "O projeto foi uma forma de inclusão para essas pessoas, que hoje têm alternativas para escolher como viver da melhor maneira para ser feliz. Vão poder se sustentar com o próprio trabalho e isso é muito bom", enfatiza o babalorixá Roberto de Iansã.


Secom  - Secretaria de Comunicação Social - Governo da Bahia

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