O debate que nós, brasileiros, realizamos hoje, sobre o
Programa de Proteção ao Emprego (PPE), me faz lembrar da década de 1980, quando
trabalhava na Divisão de Elevadores da Indústria Villares, e já era sócio do
Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. Naquela época, estávamos passando por
um processo de reestruturação produtiva, com mudanças de máquinas e de outros
equipamentos, desemprego em alta e uma inflação que corroía o nosso salário a
cada minuto. Em 1982, lá pelo mês de junho, uma leva de centenas de
companheiros e companheiras foram demitidos na Villares. Não tínhamos nenhuma
proteção contra o desemprego, a não ser nossa luta. Liderados pelo Sindicato,
com ativistas sindicais militando na fábrica, não tivemos outra saída a não ser
fazer a greve. Tínhamos realizado o 6° Congresso dos Metalúrgicos da Capital, e
nossa decisão foi: toda força na luta contra o desemprego. Ficamos parados por
alguns dias. Fomos, Villares e Sindicato, chamados ao Tribunal Regional do Trabalho
para buscar conciliação. Sabíamos que qualquer greve que não fosse contra
atraso de pagamento era declarada ilegal (Lei 4330).
E qual foi a decisão que tomamos em diversas assembleias
(porque então tudo era decidido em assembleias)? No primeiro momento marcamos
posição contra o desemprego e contra a política econômica, que, na época, só se
preocupava em pagar juros, dívidas e seguir o receituário do Fundo Monetário
Internacional (FMI). Mas, à medida que os dias passavam, problemas mais
imediatos se colocavam: o que fazer com os demitidos? Assembleia aqui,
conversas ali e, depois de vários dias de greve, decidimos aprovar uma
indenização maior do que a que tinham direito os demitidos e a manutenção do
emprego por três meses aos demais.
Na época parecia pouco, mas foram com essas conquistas
parciais, mobilizando empresa por empresa, que conseguimos articular e realizar
a Greve Geral de 21 de julho de 1983.
Continua a seguir...
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