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terça-feira, 21 de julho de 2015

PPE para quem precisa - Parte ll - Por João Carlos Gonçalves, Juruna



E foi a partir desse movimento que conquistamos, na Constituinte de 1988, entre outros avanços, o seguro-desemprego. Tais conquistas não atacavam diretamente a crise, mas amenizavam seus efeitos e contribuíam para garantir a circulação do dinheiro, gerando um efeito cascata: o trabalhador, não deixando de consumir, impulsionava o emprego no comércio, na indústria e em tantos outros serviços. Estas conquistas parciais, aparentemente pequenas, garantiram, sobretudo, a aproximação do Sindicato com os locais de trabalho, e com isto aumentou o número de sindicalizados e fortaleceu a consciência social e política dos trabalhadores e trabalhadoras. Por isto, creio que o debate em torno da MP 680 deve ser mais amplo. Hoje, já estão ocorrendo inúmeras demissões sem nenhuma negociação e proteção ao trabalhador. Vejo também o PPE como mais um instrumento que pode evitar a demissão sumária, unilateral, individualizada. O que o movimento sindical deve saber valorizar é a possibilidade que se abre de negociação, de mobilização, de articulação de grandes assembleias, e o fato dos Sindicatos poderem estar no centro do debate nacional, coisa que os liberais e neoliberais querem ver longe da cena.
Acredito, também, que as medidas apresentadas no PPE são um patamar inicial que, com certeza, em cada local de trabalho, poderão ser melhoradas ou recusadas, dependendo de nossa força e unidade. Creio, finalmente, que podemos fazer desse limão uma limonada, até porque, diferente do passado, o avanço e as conquistas democráticas permitem que não se diferenciem mais Sindicato grande de pequeno, pois novas estruturas nos aproximam e nos unem: as Centrais Sindicais, que podem articular com mais força, apoio financeiro, logístico e assessorias, os Sindicatos, as Federações e as Confederações em torno de uma greve, seja em um local de trabalho ou em toda uma categoria. Melhorar o PPE no Congresso Nacional é positivo. Por meio dele, e deste debate, podemos propor e avançar com emendas, como a que cria a representação no local do trabalho.
Quanto à mudança da política econômica, que tanto almejamos, é necessária a unidade de ação entre as Centrais Sindicais, entre os setores progressistas da sociedade, e também entre o empresariado, em torno de medidas que nos unam para melhorar as condições de vida de nossa população, para melhorar a competitividade de nossos produtos e para, enfim, trilhar um caminho de progresso para o nosso país.



João Carlos Gonçalves, Juruna, secretário-geral da Força Sindical

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