E foi a partir desse movimento que conquistamos, na
Constituinte de 1988, entre outros avanços, o seguro-desemprego. Tais
conquistas não atacavam diretamente a crise, mas amenizavam seus efeitos e
contribuíam para garantir a circulação do dinheiro, gerando um efeito cascata:
o trabalhador, não deixando de consumir, impulsionava o emprego no comércio, na
indústria e em tantos outros serviços. Estas conquistas parciais, aparentemente
pequenas, garantiram, sobretudo, a aproximação do Sindicato com os locais de
trabalho, e com isto aumentou o número de sindicalizados e fortaleceu a
consciência social e política dos trabalhadores e trabalhadoras. Por isto,
creio que o debate em torno da MP 680 deve ser mais amplo. Hoje, já estão
ocorrendo inúmeras demissões sem nenhuma negociação e proteção ao trabalhador.
Vejo também o PPE como mais um instrumento que pode evitar a demissão sumária,
unilateral, individualizada. O que o movimento sindical deve saber valorizar é
a possibilidade que se abre de negociação, de mobilização, de articulação de
grandes assembleias, e o fato dos Sindicatos poderem estar no centro do debate
nacional, coisa que os liberais e neoliberais querem ver longe da cena.
Acredito, também, que as medidas apresentadas no PPE são um
patamar inicial que, com certeza, em cada local de trabalho, poderão ser
melhoradas ou recusadas, dependendo de nossa força e unidade. Creio,
finalmente, que podemos fazer desse limão uma limonada, até porque, diferente
do passado, o avanço e as conquistas democráticas permitem que não se
diferenciem mais Sindicato grande de pequeno, pois novas estruturas nos
aproximam e nos unem: as Centrais Sindicais, que podem articular com mais
força, apoio financeiro, logístico e assessorias, os Sindicatos, as Federações
e as Confederações em torno de uma greve, seja em um local de trabalho ou em
toda uma categoria. Melhorar o PPE no Congresso Nacional é positivo. Por meio
dele, e deste debate, podemos propor e avançar com emendas, como a que cria a
representação no local do trabalho.
Quanto à mudança da política econômica, que tanto almejamos,
é necessária a unidade de ação entre as Centrais Sindicais, entre os setores
progressistas da sociedade, e também entre o empresariado, em torno de medidas
que nos unam para melhorar as condições de vida de nossa população, para
melhorar a competitividade de nossos produtos e para, enfim, trilhar um caminho
de progresso para o nosso país.
João Carlos Gonçalves, Juruna, secretário-geral da Força Sindical
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