Muitos empresários têm sido presos nas diversas etapas da
Operação Lava-Jato, mas a prisão preventiva de Marcelo Odebrecht, presidente da
megaempresa nascida da construtora criada na Bahia há mais de 70 anos por seu
avô Norberto, inegavelmente, estabelece uma distinção no banditismo
institucional que tomou conta do Brasil.
O “empresário” é a projeção de um ícone da história econômica
baiana, o homem que pegou em dificuldades a empresa montada pelo pai, Emílio, e
a transformou, colocando-lhe o próprio nome, na poderosa holding mundial de 200
mil empregados e atividades que incluem construção civil, petroquímica,
entretenimento, investimento e petróleo e gás.
Não se poderá crer, portanto, que sejam mera leviandade as
apurações da Polícia Federal e as considerações do juiz Sérgio Moro ao tomar a
decisão, até porque já a negara no ano passado, quando entendeu inconsistentes
os fatos apresentados. Trata-se de indício de que uma mudança se processa no
Brasil, e a sociedade precisa encampar esse exemplo como marco, talvez, de um
avanço dos nossos costumes.
O país, pelas dimensões territoriais e expressividade
demográfica, não pode mais conviver com o sigilo nos negócios do Estado, pois,
embora pareça, não é uma republiqueta, e seus deslizes acarretam prejuízo e
problemas para expressiva massa populacional.
O respeito à cidadania exige todos os traumas para mudar esse
quadro, sendo necessárias toda a dignidade do Judiciário, não a de um só
magistrado, e toda a consciência e determinação das corporações policais e
instâncias investigativas, não apenas a dedicação de um grupo de policiais
federais.
Por Luis Augusto Gomes (Por Escrito)
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