A ex-petista Marta Suplicy aproveitou a votação para criticar
o governo e antigo partido. Para ela, a presidente precisava ter “humildade”
para reconhecer os erros. Marta também acusou o PT para traiu sua “essência” e
“criação” ao propor as medidas provisórias do ajuste fiscal. A oposição também
não poupou críticas ao governo. Segundo o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que
foi derrotado nas eleições presidenciais do ano passado, o ajuste fiscal
proposto pelo governo não é o que seria aplicado caso o PSDB tivesse vencido a
eleição. “Este não seria o ajuste do PSDB, que passaria pela racionalização da
máquina pública”, disse. Sindicalistas também protestaram. A sessão teve de ser
suspensa por cerca de dez minutos por conta da manifestação de representantes
da Força Sindical que acompanhavam a votação da galeria do plenário do Senado.
Em determinado momento, eles começaram a gritar palavras de ordem, como “Fora
PT” e “Dilma, safada, ladrona de aposentados”.
A própria presidente Dilma Rousseff havia ligado para o
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na segunda-feira, 25, antes de
embarcar para o México, para saber do procedimento das MPs. O peemedebista está
em atrito com Planalto desde que o seu nome começou a integrar a lista de
supostos envolvidos no esquema da Operação Lava Jato, que investiga o escândalo
de corrupção da Petrobras. Hoje, o vice-presidente Michel Temer escalou o ministro
da Aviação Civil, Eliseu Padilha, para telefonar para os senadores rebeldes e
tentar convencê-los a votar com o governo. Após se reunir com lideranças do
governo, Temer afirmou que haveria votos suficientes para aprovar a MP.
Além dessa medida, o governo precisa aprovar até 1º de junho
duas outras MPs do ajuste, a 664 (que torna mais rígido o pagamento da pensão
por morte e do auxílio-doença) e a 668 (que aumenta impostos de importação). Na
prática, todas as medidas têm de ser votadas até essa quarta-feira, 27, porque
na quinta-feira, 28, já não costuma haver número suficiente de senadores na
Casa para sessões deliberativas. Hoje, Temer negou que o governo tenha estudado
deixar a 664 perder a validade para que Dilma não tivesse o ônus político de
vetar a emenda que alterou as regras do fator previdenciário. Lideranças do
PMDB até cogitaram pedir uma inversão de pauta, mas recuaram com medo de que o
desgaste por não aprovar o fator recaísse sobre a legenda.
Estadão Conteúdo
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