Volta e meia o tema da redução da quantidade de partidos
políticos volta na agenda de debate da reforma política. Propostas como a
cláusula de barreira ou o fim das coligações estão sempre na ponta da língua de
alguns comentaristas midiáticos. É bem comum lermos nos editoriais dos
matutinos a ideia de que os problemas de governabilidade passam pelos partidos
pequenos e nanicos que negociam seus apoios no Congresso Nacional. Mas é isso
mesmo? Quantas vezes partidos nanicos da base do governo, contribuíram para
algum tipo de crise social ou institucional? Será que a maior fonte de
instabilidade na coalizão nacional não estaria justamente no PMDB, o maior
partido de todos?
Em sua coluna no Jornal O Globo o jornalista Ilimar Franco
abriu a estratégia dos grandes partidos:
Os grandes partidos (PT, PMDB, PSD e PSDB) definiram que o
primeiro tema a ser votado na Comissão da Reforma Política será emenda
constitucional pelo fim das coligações nas eleições para deputado federal e
estadual. O coordenador da comissão, Cândido Vaccarezza (PT-SP), vai começar
por aí. A intenção é liquidar com uma dezena de partidos. Uma obviedade precisa
ser dita: os maiores beneficiados com o fim dos pequenos partidos serão os
grandes partidos. Propor o fim das coligações interessa apenas para os grandes
partidos que hoje já estão estabelecidos no cenário nacional. Reparem bem,
caros leitores, que a proposta dos grandes partidos é acabar com a
possibilidade de coligações apenas para deputados estaduais e federais. Ora,
mas qual o motivo para não apoiarem também o fim das coligações majoritárias
para presidente e governadores? A resposta é simples: oportunismo.
O que os grandes partidos estão dizendo é o seguinte: partidos
nanicos, nós queremos o seu tempo de televisão para eleger nossos candidatos a
presidente e nossos governadores. Em troca não lhes daremos nada. Acontece que
essa não é uma troca fisiológica, como querem fazer parecer. As coligações são
organizadas em geral em torno de projetos e programas políticos para o país e
para os estados. Mas apenas quem tem espaço na televisão é o candidato
majoritário da coligação, em geral proveniente de um grande partido.
Continua...
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