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sábado, 14 de março de 2015

Reforma política para reduzir partidos interessa para quem? - Parte ll



A consequência é a grande publicidade feita em torno do partido e do número do candidato, enquanto os outros partidos da coligação permanecem escondidos. Os exemplos nos ajudam: desde 1989 Lula contou com uma coligação em torno de sua candidatura à presidência. Nesses 20 anos em que foi candidato por essa coligação Lula espalhou o número 13 do PT por todos os cantos do país. Espalhou apenas o número 13, embora sua coligação contasse com o 40 do PSB e o 65 do PCdoB entre outros. Como abrem mão de apresentar seus candidatos próprios tendo em vista a perspectiva maior do projeto político, esses partidos coligados acabam tendo pouca abertura para apresentarem suas ideias e seus projetos próprios. Seus candidatos à deputados estaduais e federais dependem, portanto, de coligações proporcionais com o partido do candidato majoritário. Afinal de contas, o candidato majoritário traz sempre um retorno enorme de votos para sua legenda.
Acabar com a possibilidade das coligações proporcionais sem acabar com as coligações majoritárias é um acinte. Ou se acaba com os dois mecanismos, ou não se acaba com nenhum. Na crítica a tentação oligárquica de redução dos partidos políticos, tenho o prazer de permanecer acompanhado do professor Wanderley Guilherme dos Santos. Diz o professor em um ácido livrinho de 1994 (Regresso: máscaras institucionais do liberalismo oligárquico):
Em filosofia política, igualmente, é dificílimo justificar qualquer legislação extinguindo partidos ou impondo barreiras à representação. Não é difícil explicitar o que aqui se entende por democratização. Sustento que será mais democrático o sistema que oferecer maior competição eleitoral e maior competição partidária; de maneira oposta, são oligárquicas as propostas que redundem em subtrair graus de liberdade ao eleitor, em suas escolhas de partidos e candidatos.
Reduzir a quantidade de partidos significa reduzir a competição eleitoral. Propostas com tal teor não contarão nunca com minha simpatia.

Poder & Politica 


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