Como você sabe, é uma prática relativamente comum que
pesquisadores submetam peças de museu a exames como radiografias e
reflectografia de infravermelho, seja para atestar sua autenticidade ou para
descobrir quais materiais e técnicas foram utilizadas na criação das obras. O
mais interessante é que esses procedimentos às vezes revelam muito mais do que
os cientistas esperavam descobrir. é o caso de uma equipe de pesquisadores do
Museu Drents, localizado nos Países Baixos, que submeteu uma estátua chinesa de
buda datada entre os séculos 11 e 12 a uma tomografia, descobrindo que a peça
abriga um monge mumificado em seu interior. De acordo com Rossella Lorenzi do
site Discovery News, os cientistas acreditam que o corpo pertence a Liu Quan,
um mestre budista que viveu por volta do ano 1100. Segundo Rossella, os
cientistas ficaram completamente surpresos ao encontrar o monge sentado na
posição de lótus no interior da estátua, e submeteram a peça a mais tomografias
e a exames de endoscopia. Após uma análise mais minuciosa, a equipe descobriu
que os órgãos internos de Quan foram removidos e substituídos por documentos
cobertos por escrituras chinesas.
Os pesquisadores especulam que o monge pode ter realizado o
ritual de automumificação. Conforme já explicamos em uma matéria aqui do Mega
Curioso, essa prática era normalmente realizada no Japão por monges budistas
Sokushinbutsu, e consistia em tirar a própria vida através de um longo e
doloroso processo que, ao mesmo tempo, provocava a mumificação de seus corpos.
Assim, durante um período de mil dias os monges se submetiam uma estrita dieta
durante a qual apenas consumiam sementes e frutos secos, e seguiam uma dura
rotina de exercícios físicos. O objetivo era o de eliminar toda a gordura
corporal possível e, depois dessa primeira etapa, os monges passavam outros mil
dias consumindo raízes e cascas de árvore.
Continua...
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