Milhões nas ruas
protestando; sete em cada dez eleitores declarando desejo de mudança no
governo. O cenário no qual transcorreram as eleições de 2014 prenunciava uma
transformação profunda da política brasileira. O resultado não poderia ser mais
contrastante. O Congresso Nacional terá poucas caras novas e com sobrenomes
velhos. Os Estados continuam sendo governados, na imensa maioria, pelos mesmos
caciques de sempre. E Dilma Rousseff (PT) segue sendo presidente do Brasil. Das
27 eleições para governador, só dá para dizer que houve algum tipo de renovação
em quatro. Nas outras 23, o atual governador se reelegeu como em São Paulo, Rio
de Janeiro e Paraná, ou fez o sucessor, como em Pernambuco e na Bahia, ou o
eleito é um ex-governador, como no Espírito Santo, Tocantins e Piauí. Na melhor
das hipóteses, o novo governador pertence a um grupo político que, não faz
muito tempo, mandava no Estado.
A maior renovação aconteceu
no Maranhão, com Flávio Dino (PC do B), que desalojou o clã dos Sarney. No Mato
Grosso, Pedro Taques (PDT) é um procurador tornado senador que se elegeu
governador. Não foi eleito por ter parentes políticos. No Distrito Federal, a
eleição de Rodrigo Rollemberg (PSB) acabou com a polarização entre o PT e o
grupo de Joaquim Roriz. No Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB) põe fim
a uma era do PMDB no poder. Só.
Em todo o resto, a troca de
comando, quando houve, foi de seis por meia dúzia. Ou, no máximo, por um terço
de 18. Dos 513 deputados federais, 401 tentaram se reeleger e 290 conseguiram.
Sua taxa de sucesso foi de 72%. Nada se correlaciona mais com a vitória na
eleição parlamentar do que já ser um parlamentar. Por outro lado, se “apenas”
290 estarão de volta a Brasília no próximo ano, quer dizer que 223 são novos,
certo? Não exatamente. Pelo menos 25 não são novatos, mas redivivos. Já foram
deputado antes, só tinham dado um tempo.
Continua...
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