A Polícia Federal afirma que
a Petrobras bancou a compra de um lote de materiais das obras da refinaria de
Abreu e Lima a um preço 17 vezes superior ao que foi pago pelo Consórcio CNCC
para o Grupo Sanko. Segundo o laudo 1786/2014, do Serviço Técnico Científico da
PF, o consórcio pagou o equivalente a R$ 1,27 milhão por 155 unidades de um
material e esse mesmo lote de produtos foi vendido para a Petrobras ao custo de
R$ 16,2 milhões. Os peritos suspeitam que a manobra configurou o chamado
"jogo de planilha", que consiste na alteração das planilhas de
contrato "que modifiquem o ponto de equilíbrio econômico-financeiro, sem
justificativa adequada, causando dano ao erário", afirma o laudo.
Os peritos também chamam a
atenção para o fato de que o número de materiais comprados pelo consórcio e
vendidos para Petrobras neste lote é o triplo do inicialmente previsto no
Demonstrativo de Formação de Preços, planilha apresentada pela empresa que
disputa a licitação com as estimativas de gastos. No laudo, os técnicos da PF
ressaltam ainda que não conseguiram comparar a amostra dos produtos analisados
da empresa Sanko com os materiais negociados entre o CNCC e a Petrobras,
"restando prejudicada a análise de superfaturamento no restante da lista
de amostragem", afirma o documento. O documento da Polícia Federal afirma
ainda que a Petrobras descumpriu as próprias normas internas para dar às
empresas do Grupo Sanko o Certificado de Registro e Classificação Cadastral
(CRCC), que permite a elas fornecerem produtos ou serviços de maior qualidade
ou valor à estatal petrolífera.
Em outras palavras, o CRCC
faz com que uma empresa fique no Cadastro Corporativo da Petrobras, podendo
fornecer materiais e serviços para obras da estatal petrolífera. Ao analisar a
contabilidade da Sanko Sider entre 2009 e 2013, contudo, os peritos observaram
que a empresa passou por grandes dificuldades financeiras, com "seguidos
prejuízos e relevante endividamento".
Nenhum comentário:
Postar um comentário