Esse talvez tenha sido o
momento mais tenso do debate. Nos demais blocos, o tema voltou, mas não com
tanta ênfase. A tônica foi mais econômica. A presidente-candidata por várias
vezes tentou marcar Aécio como o candidato do partido do “arrocho salarial e do
desemprego”. Logo no primeiro bloco afirmou que nos tempos de Fernando Henrique
o desemprego chegou a 11,6 milhões, citou ainda perspectiva de privatização da
Petrobras. E, quando Aécio perguntou sobre inflação, a presidente foi incisiva:
“Vocês sempre gostaram de plantar inflação para colher juros. O cozinheiro é
mesmo: Armínio Fraga. E a Receita também: arrocho e juros. Recessão, recessão,
recessão”, disse Dilma.
O candidato tucano,
entretanto, não deixou por menos: “Eu não governei o Brasil, candidata. Nos
vizinhos crescem mais do que nós. Aqui, as pessoas estão apavoradas. Enchendo
os carrinhos para fazer a compra do mês. A inflação está de volta”, disse
Aécio. A presidente aproveitou ainda para dizer que, no governo petista, o
Brasil saiu do mapa da fome e perguntou o que o tucano achava disso. Aécio
aproveitou para dizer que tem muito orgulho de ter participado desse processo
“que começou lá atras, com o Plano Real, que seu partido votou contra, com a
lei de Responsabilidade Fiscal, que seu partido foi contra, e com os programas
de transferência de renda, que o seu partido ampliou”, disse Aécio, que ao
longo do debate tratou de atribuir tudo como patrimônio do Brasil, do povo
brasileiro e não de qualquer partido, o que renderam tiradas irônicas de Dilma:
“Candidato, você é engraçado. Quando fomos nós que fizemos não nos pertence.
Vocês gostariam de ver a Petrobras dividida entre as grandes empresas
internacionais”.
O BNDES, que financia as
grandes empresas nacionais, também esteve no centro do debate, assim como o
Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, citado por Dilma como pontos que
os tucanos adorariam privatizar. Foi a vez de Aécio ser incisivo: “Nós vamos
profissionalizar essas instituições. Elas não vão entrar na quota política. Não
haverão senhores Pizzolatos administrando o Banco do Brasil”, afirmou Aécio,
referindo-se a Henrique Pizzolato, condenado no processo do mensalão que fugiu
para a Itália, onde foi preso por uso de passaporte falso. Nas considerações
finais, Dilma Rousseff fez um contraponto entre o antigo governo de Fernando
Henrique Cardoso e os 12 anos de governo petista, ressaltando que os benefícios
obtidos pela população tiveram a participação do governo. “Ninguém é uma ilha.
Se você melhorou de vida é porque o governo criou oportunidades. Humildemente,
peço seu voto”, disse Dilma. Quando /Aécio ia falar, os petistas vaiaram e
foram repreendidos pelos apresentadores. Aécio, então, citou os problemas que o
Brasil atravessa, pregou a união de todos e mencionou a palavra que levou todas
as oposições a terem mais votos do que a presidente no primeiro turno: “Temos
duas propostas: A nossa não se contenta ao ver o Brasil crescendo menos que os
seus vizinhos. Sou candidato para mudar de verdade o Brasil. Sou o candidato da
mudança”, disse ele, prometendo governar para todos.
Por Denise Rothenburg
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