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sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Adoçantes podem mesmo favorecer o diabetes e a síndrome metabólica?



Usado comumente por quem busca perder peso e por portadores de diabetes, o adoçante mais uma vez encontra destaque na mídia, apontado como um colaborador do desenvolvimento da resistência à insulina. Uma publicação aqui, outra ali e correntes se formam com opiniões divergentes, sendo apontado como colaborador de doenças e em outras vertentes como um grande aliado na luta contra a obesidade e para os portadores de diabetes. Segundo estudo publicado na revista Nature em setembro de 2014, o adoçante seria "culpado" por aumentar o risco de desenvolvimento da síndrome metabólica, estágio em que a insulina tem sua ação dificultada. O estudo foi realizado em roedores divididos em dois grupos, o grupo 1 que ingeriu adoçante (sacarina, aspartame e sucralose) em doses altas e o grupo 2 que ingeriu água e açúcar. A conclusão foi de que o grupo consumidor de adoçante não conseguiu metabolizar o adoçante, criando distúrbios metabólicos levando a uma possível a intolerância a glicose. Nos humanos, os voluntários se submeteram ao mesmo teste (apenas com a sacarina) e em alguns deles foi observado o aumento da resistência à insulina, mas não sendo conclusivas, visto que o estudo não relata as condições das pessoas analisadas.
A resistência à insulina se caracteriza quando seu corpo ainda produz insulina, mas o hormônio tem dificuldade em realizar sua ação de enviar a glicose para dentro das células. Neste processo o organismo começa a sofrer picos de glicose no sangue, obrigando o pâncreas a fabricar mais insulina. Essa superprodução ativa uma resposta inflamatória, levando a um declínio da saúde e abrindo as portas para diversas doenças. O que favorece esses picos? O consumo exagerado de carboidratos refinados, doces, massas, pães e alimentos com índice e carga glicêmica altas, que além de engordar, pelo alto valor calórico ainda promove essas inflamações.
Hábitos e estilo de vida atual, como a má alimentação e sedentarismo, trazem a obesidade ao status de epidemia e isso é um fato, basta olhar para os lados. A dieta atual de grande parte população é composta por alimentos ricos em gordura e recheados de açúcar, industrializados e refinados, itens pobre em nutrientes e fibras, que causam picos de glicose e insulina no sangue, favorecendo o surgimento de doenças ligadas à má alimentação, como hipertensão, aumento do colesterol ruim, síndrome metabólica, diabetes e até mesmo alguns tipos de câncer. Muito se engana quem tenta achar um único vilão responsável por todas as doenças e distúrbios metabólicos. Com certeza é preciso uma análise mais criteriosa e mais estudos e testes para que o uso do adoçante se torne mais consciente, evitando o excesso e abuso. O uso e a indicação devem ser feitas caso a caso por profissional da área de saúde e seu uso restrito ao mínimo necessário, até que os estudos se mostrem mais conclusivos. E mais do que isso, é preciso diminuir o consumo do que realmente vem nos fazendo mal, evitando os excessos, cortando alimentos processados, ricos em sódio, refinados, ricos em gordura saturada e gordura trans que elevam os processos bioquímicos de inflamações no organismo. Aliado a isso, deve-se aumentar o consumo de frutas, verduras, legumes e cereais integrais e boas gorduras e praticar exercícios físicos de maneira frequente, pois eles nos ajudam a manter nosso corpo saudável.
A princípio este é o único consenso real, baseado em evidências científicas incontestáveis.


Roberto Navarro - Nutrologia 

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