O Ministério da Saúde
registrou, até o último dia 14, 590.004 casos de dengue no Brasil. Mas para
infectologistas ouvidos pela Folha de S. Paulo o número pode ser até dez vezes
maior do que os dados oficiais sugerem. No país, a notificação de casos suspeitos
e confirmados da doença é obrigatória. Porém, há muita burocracia e, em algumas
vezes, os exames comprobatórios nem ao menos são realizados. Isso faz com que
as autoridades de saúde não consigam planejar adequadamente as ações de combate
ao Aedes aegypti, mosquito transmissor.
"Com registro correto, é possível
direcionar as ações de controle do mosquito para uma região, avaliar tendência
de crescimento ou declínio da doença, estruturar a rede de assistência e ver se
os programas implantados estão dando resultado", diz Rodrigo Angerami, da
Sociedade Brasileira de Infectologia. Para Luiz José de Souza, infectologista e
presidente da Sociedade de Clínica Geral do Rio, as notificações estão muito
aquém da realidade.
"No atendimento
público, são tantos casos de suspeita que os médicos não têm tempo para
registrar todos. É preciso multiplicar por dez", diz. Outro problema é a
semelhança dos sintomas com outras doenças e o tratamento simples, muitas vezes
prescrito sem exames. Segundo o infectologista Filipe Prohaska, uma das fichas
cadastrais tem mais de 60 itens. "Não há tempo para o médico fazer o
atendimento e preenchê-la, com fila de espera de pacientes", reclama.
O Ministério da Saúde nega que haja
subnotificação e afirma que destinou R$ 363 milhões para o aprimoramento das
atividades de prevenção e controle da doença nos municípios, dos quais R$ 53,6
milhões para sedes da Copa.
Escreve Poder & Política
Nenhum comentário:
Postar um comentário