Já contamos 50 anos desde o
golpe de 1964 e 25 anos, desde a promulgação da Constituição cidadã. O bom
senso pede que mudanças sejam debatidas com racionalidade, baseadas no
princípio da razoabilidade. O governo precisa entender que manifestante é
manifestante e terrorista é terrorista. Esse mesmo projeto, se mantido com o
vimos, chegaria ao absurdo de propor a redução de três para duas pessoas
reunidas para que seja caracterizada, perante o Código Penal, formação de
quadrilha. Quer dizer que dois sindicalistas propondo uma greve na porta de
fábrica por atrasos nos salários serão, com eventual aprovação do projeto do
governo, presos e enquadrados no artigo de formação de quadrilha?
Interessante que o Palácio
do Planalto faça alarde por meio de propaganda institucional do aumento da
renda da população nos últimos anos, como se fosse mérito governamental, mas se
esqueça de que os reajustes salariais são conquistas dos sindicatos. E os
sindicatos, por sua vez, utilizaram atos, manifestações e greves como forma de
organização e pressão para obter tais resultados. Sim, porque é inequívoco que
foram as nossas manifestações que ajudaram a melhorar a distribuição de renda
no país. Atos de vandalismos são inaceitáveis. Mas precisamos estar vacinados
contra as tentações autoritárias.
A Força Sindical defende
manifestações de rosto limpo, como faz há 22 anos. Afinal, todos os
trabalhadores e militantes estão nas ruas porque acreditam na luta e nas
bandeiras que empunham. Não precisam resguardar suas identidades. Mas não abrem
mão de seu direito de manifestar-se livremente.
Miguel Torres, 55, é
presidente da Força Sindical e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e
Mogi.
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