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sexta-feira, 7 de março de 2014

A volta do AI-5 – Parte ll


Já contamos 50 anos desde o golpe de 1964 e 25 anos, desde a promulgação da Constituição cidadã. O bom senso pede que mudanças sejam debatidas com racionalidade, baseadas no princípio da razoabilidade. O governo precisa entender que manifestante é manifestante e terrorista é terrorista. Esse mesmo projeto, se mantido com o vimos, chegaria ao absurdo de propor a redução de três para duas pessoas reunidas para que seja caracterizada, perante o Código Penal, formação de quadrilha. Quer dizer que dois sindicalistas propondo uma greve na porta de fábrica por atrasos nos salários serão, com eventual aprovação do projeto do governo, presos e enquadrados no artigo de formação de quadrilha?
Interessante que o Palácio do Planalto faça alarde por meio de propaganda institucional do aumento da renda da população nos últimos anos, como se fosse mérito governamental, mas se esqueça de que os reajustes salariais são conquistas dos sindicatos. E os sindicatos, por sua vez, utilizaram atos, manifestações e greves como forma de organização e pressão para obter tais resultados. Sim, porque é inequívoco que foram as nossas manifestações que ajudaram a melhorar a distribuição de renda no país. Atos de vandalismos são inaceitáveis. Mas precisamos estar vacinados contra as tentações autoritárias.
A Força Sindical defende manifestações de rosto limpo, como faz há 22 anos. Afinal, todos os trabalhadores e militantes estão nas ruas porque acreditam na luta e nas bandeiras que empunham. Não precisam resguardar suas identidades. Mas não abrem mão de seu direito de manifestar-se livremente.
Miguel Torres, 55, é presidente da Força Sindical e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi.


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