Recentemente o engenheiro
Amílcar Brunazo Filho (especialista em segurança de dados em computador) e a
advogada Maria Aparecida Cortiz (procuradora de partidos políticos) lançaram o
livro "Fraudes e Defesas no Voto Eletrônico" (capa acima), pela All
Print Editora, no mínimo inquietante. Mesmo para os não familiarizados com o
informatiquês ele é claro e transmite a idéia de que as urnas eleitorais
brasileiras podem ser fraudadas.
São detalhados os vários
modos de contaminação da urna e se pode depreender que, se na eleição
tradicional, com cédulas de papel, as fraudes existiam, eram também mais fáceis
de ser apuradas porque o voto era registrado. Agora não. O voto é invisível e,
como diz o lema do Voto Seguro: "Eu sei em quem votei, eles também, mas só
eles sabem quem recebeu meu voto", de autoria do engenheiro e professor
Walter Del Picchia, Professor Titular da Escola Politécnica da USP. O livro
detalha a adaptação criativa de fraudes anteriores, como o voto de cabresto e a
compra de votos, e outros meios mais sofisticados, como clonagem e adulteração
dos programas, o engravidamento da urna e outros. Além das fraudes na eleição,
são possíveis fraudes na apuração e na totalização dos votos.
O livro demonstra que a
zerésima - um neologismo para a listagem emitida pela urna antes da votação e
na qual constam os nomes dos candidatos com o número zero ao lado, indicando
que nenhum deles recebeu ainda votos, na qual repousa a garantia de
invulnerabilidade defendida pelo TSE -, ela própria pode ser uma burla porque é
possível se imprimir qualquer coisa, como o número zero ao lado do nome do
candidato, e ainda assim haver votos guardados na memória do computador (página
27). O livro não lança acusações levianas. Explica como as fraudes podem ocorrer
e ao mesmo tempo apresenta soluções, ao menos parciais, como o uso da Urna
Eletrônica Real - que imprime e recolhe os votos dos eleitores em compartimento
próprio - ao contrário da urna eminentemente virtual, que não deixa
possibilidade de posterior conferência. O mais instigante é que os autores e
outros técnicos e professores protocolizaram no TSE pedidos para efetuar um
teste de penetração visando demonstrar sua tese e isto lhes foi negado, apesar
da fundamentação usada.
Continua...
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