O Ministério
da Saúde informou nesta quinta-feira, 26, que "errou" ao afirmar em
documento oficial enviado ao Ministério da Economia que precisaria de R$ 410
bilhões extras para enfrentar a pandemia do novo coronavírus no Brasil pelo
Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo a assessoria da pasta, o valor correto é
de R$ 10 bilhões. O jornal O Estado de S. Paulo revelou que a pasta enviou na
última terça-feira, 24, um ofício assinado pelo ministro Luiz Henrique Mandetta
relatando da necessidade de aporte de recursos. O documento foi encaminhado
para o ministro Paulo Guedes.
Em nota, o
ministério disse que colocou o número quatro onde deveria estar um cifrão. No
documento, contudo, há um cifrão antes do número quatro. "Esclarecemos
que, de fato, a cifra consta em documento preliminar enviado ao Ministério da
Economia com vistas a negociação de empréstimo junto ao Banco Mundial. Porém, o
valor está errado. Trata-se de um erro material. O valor estimado correto seria
R$ 10 bilhões. O algarismo "4" foi escrito por engano - deveria ser
um cifrão, que fica na mesma tecla do '4'. O erro passou despercebido na
revisão do documento. O Ministério da Saúde solicitou ao Ministério da Economia
na manhã desta quinta-feira a devolução do estudo para as correções
devidas", informou o Ministério da Saúde.
O
Estado apurou que a nota foi elaborada após o presidente Jair Bolsonaro
questionar o ministro Mandetta sobre o valor solicitado a Paulo Guedes.
Bolsonaro tem minimizado a pandemia do coronavírus. Ele já disse várias vezes
que trata-se de uma "gripezinha". O discurso do Ministério da Saúde
contraria o do presidente e, no documento, a pasta chega estimar que 10% da
população brasileira pode ser infectada.
Apenas para estas internações, a equipe da saúde espera
gastar R$ 9,3 bilhões. No documento enviado a Guedes, a pasta reconhece que a
cifra é bastante subestimada. Bolsonaro, em discurso nos últimos dois dias, já
criticou, inclusive, o isolamento das pessoas como uma forma de combate à
doença, por considerar que há uma "histeria" no tratamento do
assunto.
O
Estado procurou o Ministério da Saúde, por meio da assessoria, questionando o
valor de R$ 410 bilhões por duas vezes. Nas ocasiões, em nenhum momento, a
pasta questionou o valor. O jornal também conversou com técnicos do primeiro
escalão do ministério que participaram da elaboração do documento. Também não
houve qualquer contestação a cifra.
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