Ainda
há resistência na Câmara, pelo menos, à ideia do governo de endurecer as regras
para aposentadoria rural e para professores. Esses dois itens são quase
unanimidade nas críticas de deputados à reforma da Previdência. Outro é o novo
modelo proposto para o BPC (Benefício de Prestação Continuada), que é pago para
idosos e deficientes de baixa renda.
Bolsonaro
se mostrou disposto negociar as alterações no BPC, cujo valor é de um salário
mínimo (R$ 998) e é recebido por quem tem mais de 65 anos. Na PEC (Proposta de
Emenda à Constituição) da reforma da Previdência, o governo prevê que apenas
quem tiver mais de 70 anos poderá ter direito a um salário mínimo.
A
equipe econômica criou um novo sistema, no qual pessoas entre 60 anos e 70 anos
receberiam R$ 400 -abaixo do salário mínimo. A ideia não foi bem aceita no
Congresso. Outros recuos indicados pelo presidente são: alteração, de 62 anos
para 60 anos, na idade mínima para que mulheres se aposentem e mudanças na
fórmula de cálculo para pensão por morte.
Em
jantar com Bolsonaro na terça (25), líderes da base bombardearam a proposta do
novo BPC. Dois dias depois, o presidente afirmou que isso pode ser revisto.
"É uma sinalização de que ele [Bolsonaro] está
ouvindo", afirmou o líder do PR na Câmara, José Rocha (BA).
O
partido, no entanto, ainda defende poupar professores na reforma da Previdência
e discute formas de aliviar as regras propostas para trabalhadores rurais. As
declarações do presidente nesta quinta não surpreenderam o líder do PPS,
deputado Daniel Coelho (PE). "É apenas o início do debate. Outros pontos
vão ter que ser alterados inevitavelmente".
Para
ele, nenhum governo consegue apresentar um projeto como uma reforma da
Previdência, já pronta para ser aprovada na Casa. O Podemos já defendia uma
redução na idade mínima proposta para mulheres. O recuo sinalizado por
Bolsonaro, portanto, agradou. Mas ainda há questões como aposentadoria rural e
para professores a serem negociadas.
"A
reforma é muito ampla e ainda vai ser discutida. Vamos achar o que agrada e o
que desagrada a sociedade", disse o líder da sigla na Câmara, José Nelto
(GO).
Líder do
DEM, o deputado Elmar Nascimento (BA) voltou a criticar a falta de articulação
política do governo.
"Se
tivessem conversado com os deputados antes de enviar a PEC, o presidente não
precisaria passar por isso e ter que recuar em relação ao BPC. Isso não passa
[na votação na Casa] de jeito nenhum", afirmou.
Na terça, o governo intensificou o contato com
parlamentares em busca de votos para a proposta de reforma da Previdência.
O secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério
Marinho, se reuniu com as bancadas do PSD, PSDB e PR, além da FPA (Frente
Parlamentar da Agropecuária), conhecida como bancada ruralista, uma das mais
fortes no Congresso.
Bastidores
do Poder