Somos da turma que acredita que
a coerência ideológica é um diferencial político, raro e de alto valor. Ou seja,
em primeiro lugar, acreditamos na política como a arte de defender idéias em
conjunto com outras pessoas que acreditem em idéias semelhantes. Temos, por
isso, uma imensa dificuldade em entender o que move políticos que mudam de lado
ao sabor dos ventos eleitorais, defendendo numa eleição um conjunto de idéias
opostas ao que defendeu em outra. Evidente que a fragmentação partidária e o
esvaziamento ideológico do sistema político brasileiro contribuem para que
algumas pessoas possam “desdizer” do que diz a cada eleição.
De
toda forma, acreditamos que esse é um excelente tema para que o eleitorado
reflita no 07 de outubro que se aproxima. Lideres políticos e candidatos/as que
a cada eleição aparecem travestidos de uma cor diferente demonstram não ter
firmeza ideológica, ou seja, podem mudar de opinião de acordo com seus
interesses imediatos. Assim, tudo que prometem em campanha tem um valor
duvidoso, pois basta aparecer alguma vantagem que podem ceder, sem ideologia,
sem lado, sem posição, acaba vencendo quem grita mais forte, ou, no pior das hipóteses,
quem paga mais.
É
por este motivo, que temos orgulho de manter nossa coerência e ideologia política,
sempre respeitando as adversidades, inclusive com laços de amizade e convivência
com pessoas que fazem parte de outros segmentos.
Não é que concordamos com todas
as práticas do nosso segmento político, como é sabido em Gandu, fazemos parte
da bancada de vereadores que dar sustentação ao governo do prefeito Leonardo
Cardoso, na Câmara municipal, segmento político que acompanhamos desde o ventre
da nossa saudosa mãe, a qual era membro de uma família “seguidora” da política
do também saudoso e ex-prefeito Eliseu Leal. Porém, somos oposicionistas do
comando administrativo no estado e país. Porém o que nos mantém nesta linha, é
um conjunto de princípios ideológicos que nos diferenciam na política: A
prioridade pela classe trabalhadora e sua inclusão política; a defesa dos
direitos e da plena igualdade social; a compreensão de que vivemos em uma
sociedade injusta para a maioria por uma opção política egoísta da minoria;
enfim, paradigmas, visões de sociedade, que nos diferenciam em não defender
apenas siglas, mas sim, a existência de pessoas que precisam de um agente político
que sirva de elo entre elas e o poder público.
Isso tem tudo a ver com o
eleitor, pois quando vota em quem se junta com outros apenas por interesses
eleitorais, tende a escolher alguém que fará do mandato apenas uma luta para
reeleição, e não para as transformações que a sociedade requer.
Somos um ferrenho crítico da
oscilação ideológica. Ter lado é um diferencial raro na política do qual nos
orgulhamos. Esperamos profundamente que essa pauta surja nas eleições e na vida
da cidade com consistência no próximo período. Só uma clareza ideológica
permitirá abrir oportunidade para uma participação maior da sociedade organizada
e comunidade em geral em Gandu, no qual as idéias coletivas valham mais que os
interesses pessoais, e, aí, quem sabe, seja possível sustentar decisões mais ideológicas.
Só não é possível fazer um debate sério desse com o oportunismo que escolhe
alvos de acordo com seus próprios interesses, puramente eleitorais, que levam
justamente à ampliação do vazio ideológico. Debater idéias sem estar sustentado
por elas é mais pragmático e incoerente quanto o que se denuncia. Um novo
modelo político requer, acima de tudo, uma sociedade consciente e
participativa. Vamos de mãos dadas com quem estiver disposto a lutar por
uma Gandu cada vez mais desenvolvida com o pensamento voltado para a
coletividade.
Adeilton Leal – Bozó é servidor
público por profissão, blogueiro por opção e está vereador pelo PHS.