Aliado
do presidenciável Ciro Gomes (PDT), o governador do Ceará e candidato a
reeleição, Camilo Santana (PT), se diz vítima de “preconceito” da cúpula do
partido na distribuição das verbas do fundo eleitoral por causa de sua aliança
com o adversário do petista Fernando Haddad na disputa presidencial. “Eu
questionei a direção do partido e solicitei que fosse revisto esse critério. O
Ceará tem um grande colégio eleitoral. Dos governadores do PT, somos o terceiro
– só perdendo para Minas Gerais e Bahia. Não acho que seja o critério correto.
Estou aguardando uma posição da direção nacional”, afirmou o governador
cearense. A tensão entre Camilo e o PT aumentou após Haddad ser oficializado
candidato à Presidência no lugar do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
condenado e preso na Lava Jato. A campanha à reeleição do governador ignora
Haddad enquanto Camilo faz campanha ao lado de Ciro. Nos materiais de campanha,
bandeiras, adesivos e nos comerciais da TV quem aparece ao lado do governador
petista é Cid Gomes, irmão de Ciro, que disputa o Senado.
Quando
questionado sobre em quem vai votar para presidente, Santana sorri e
desconversa: “O voto é secreto”. Em uma caminhada do governador em Fortaleza a
reportagem contou 42 “porta bandeiras” trabalhando para o petista – cada uma
recebendo um salário mínimo por mês da campanha. Quatro deles disseram que não
sabiam quem é Haddad. O presidenciável petista também é ignorado na TV, jingle
e santinhos de Camilo. Na semana passada, participou de uma carreata e
discursou ao lado do pedetista em um grande comício em Sobral, base dos
Ferreira Gomes. Fez elogios ao ex-ministro e no final chamou o pedetista para
tirar um selfie no palco. Em outro ato político, esse em Fortaleza, Camilo
disse ter uma “forte admiração” por Ciro. E concluiu: “Você estimulou nossa
geração na política e representa a esperança. Estamos juntos”.
Em
conversas reservadas, dirigentes petistas não escondem a irritação com Camilo.
Alguns chegam a chamá-lo de “traidor”. Segundo eles, as reclamações do governador
em relação aos repasses são a preparação do discurso para deixar o PT depois
das eleições.
Estadão Conteúdo
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