Quase 42% dos CPFs que
fizeram doações na campanha eleitoral deste ano apresentaram algum indício de
irregularidade no financiamento de campanha. Foi o que afirmou o TSE (Tribunal
Superior Eleitoral) em seu balanço final de 2016, apresentado nesta
segunda-feira (19).
Um total de 965.113 CPFs ou
CNPJ, no caso de doações de associações, destinaram recursos a candidatos ou
partidos no período eleitoral. Desses, o TSE, em parceria com a Receita Federal,
identificou 403.799 (41,8%) com algum indício de irregularidade na
transferência. Empresas não puderam doar no pleito deste ano. Segundo o
presidente do tribunal, ministro Gilmar Mendes, o modelo pode ter favorecido
ilegalidades. "Com certeza houve caixa dois", afirmou em entrevista à
imprensa no início da noite.
O balanço do TSE destaca uma
série de irregularidades nesses CPFs. Entre os mais frequentes, estão doadores
desempregados (141.278) e inscritos no programa Bolsa Família (74.179). Ao
todo, os CPF inscritos no programa de transferência de renda do governo federal
repassaram para candidatos e partidos, conforme os dados do TSE, R$
63.087.091,70. Em setembro, a Folha de S.Paulo revelou que técnicos do TCU
(Tribunal de Contas da União) encontraram indícios de que 35 pessoas mortas
constavam como doadoras de campanhas nas eleições municipais deste ano, bom
como beneficiários do Bolsa Família.
O TSE aponta que 408 CPFs
com registro de óbitos doaram nas eleições de 2016.
O prefeito eleito de São Paulo,
João Doria (PSDB), foi o candidato que mais recebeu doações nas eleições deste
ano conforme o balanço do tribunal. Os dados apontam que o tucano arrecadou
mais de R$ 12,4 milhões. Doria também está entre os candidatos que declararam a
utilização de um maior percentual de recursos próprios na campanha -foram cerca
de R$ 4,5 milhões. A lista de candidatos bem cotados para os doadores também
conta com Roberto Claudio (PDT), reeleito para a Prefeitura de Fortaleza (R$
10,4 mi), e ACM Neto (DEM), reeleito para a Prefeitura de Salvador, (R$ 8,35
mi). Também entre os que mais arrecadaram nessas eleições municipais, o novo
prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), (R$ 9,67 mi), e seu
adversário pelo PMDB, Pedro Paulo (R$ 9,22 mi).
Entre os candidatos que
também se valeram de recursos próprios para financiar suas campanhas, lidera a
lista Rodrigo Pacheco (PMDB), que concorreu à Prefeitura de Belo Horizonte (R$
4,6 mi). Também estão Vittorio Medioli (PHS), eleito para comandar Betim (R$4,4
mi) e Alexandre Kalil, vencedor em BH (R$ 2,4). Ao contrário dos demais anos,
não constam candidatos petistas entre os maiores recebedores ou financiadores
próprios. A mesma mudança de cenário ocorre com o partido, que também não se
encontra entre os que mais se beneficiaram de doações de terceiros.
Entre os partidos, o que
mais receberam doações foram: PRB (R$ 28.456.960,54), PSDB (R$ 25.335.901,94),
DEM (R$ 24.102.610), PP (R$ 18.370.236,15) e PR (R$ 16.392.075).
Com informações da
Folhapress.