A proposta do presidente da
CNI (Confederação Nacional da Indústria), Robson Braga de Andrade, feita ao
governo, de aumentar a jornada semanal de trabalho de 44 horas para 60 horas
(12 horas diárias), provocou a indignação e o repúdio das Centrais Sindicais e
reacendeu a luta pela jornada de 40 horas semanais. Trabalhar 40 horas semanais
está em consonância com o que há de mais moderno, sem comprometer a
competitividade no mundo, pois países como Canadá, Estados Unidos e Suécia
adotam este modelo. Um dos inúmeros benefícios da redução de 44 horas para 40
horas semanais de trabalho, sem redução de salários, é a criação de um círculo
virtuoso, pois gera empregos no País, especialmente neste período de crise
econômica. “É uma medida excelente para a população e também para as empresas,
que terão a chance de aumentar seus lucros, já que o emprego está diretamente
ligado ao consumo de bens. Em resumo: todo mundo ganha”, declara Paulo Pereira
da Silva, Paulinho, presidente da Força Sindical e deputado federal pelo
Solidariedade – São Paulo.
“Com 44 horas semanais de
trabalho, incluindo as duas horas extras permitidas pela legislação, a jornada
brasileira vai até 54 horas e, por este motivo, temos de intensificar a
mobilização para as 40 horas se tornarem realidade. Fruto desta pressão e
negociações coletivas, temos, hoje, mais de 30 categorias usufruindo das 40
horas ”, declara João Carlos Gonçalves, Juruna, secretário-geral da Força
Sindical. A redução da jornada desperta o interesse de todos os trabalhadores
que desejam conviver mais com a família, estudar mais, ter lazer e descanso.
“O crescimento econômico é
sempre determinado pela demanda. Neste sentido, o emprego gerado pela redução
da jornada de trabalho sem redução de salários tem, por um lado, potencial de
puxar o crescimento econômico, e, por outro, tem um componente redistributivo.
Ademais, o Brasil possui um número elevadíssimo de assalariados trabalhando
mais do que a jornada legal. Em 2015, em São Paulo, este número chegou a 25,3%;
em Salvador, este número chegou a 34,7%”, segundo a PED/Dieese.
Aqui estamos tratando de
jornada efetiva. A análise ‘Custo do Trabalho, produtividade e competitividade:
evolução recente e comparações internacionais’, da CNI, elaborado com dados do
Bureau of Labor Statistics (BLS), sobre o custo do trabalho, constata que o
custo do trabalho no Brasil é relativamente baixo, sobretudo se comparado a
países como os EUA e a Zona do Euro: enquanto no Brasil o custo é US$ 11,20 por
hora, na Zona do Euro o custo é de US$ 41,27, nos EUA US$ 35,67 e na Argentina
US$ 18,87”, observa Altair Garcia, técnico do Dieese.
Ascom Força Sindical