A inflação percebida por
famílias de baixa renda registrou em junho a segunda menor taxa do ano,
beneficiada por preços administrados e de alimentos in natura em baixa. O
Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1), que apura o impacto de
preços entre famílias com ganho mensal de até 2,5 salários mínimos, desacelerou
de 0,84% em maio para 0,57%, o menor desde março (0,44%). A desaceleração foi
favorecida por menor impacto de reajustes medicamentos, cigarros, e tarifas de
eletricidade e de telefone, além de boa oferta de hortaliças, legumes e frutas.
Para André Braz, economista da Fundação Getulio Vargas, mesmo com potencial
para continuar a desacelerar na margem, a inflação da baixa renda este ano deve
encerrar ficar pelo menos um ponto percentual acima do Índice de Preços ao
Consumidor - Brasil (IPC-BR), que apura a percepção de preços em famílias com
ganhos de até 33 salários mensais.
Os preços dos alimentos, em
especial arroz e feijão, de grande peso para a baixa renda, estão subindo mais
que o esperado este ano. Entre maio e junho houve desacelerações e quedas de
preços em medicamentos em geral (2,94% para 0,16%), cigarros (8,63% para
-0,04%), tarifa de eletricidade residencial (3,26% para 0,97%), roupas (0,60%
para -0,06%) e tarifa de telefone móvel (0,50% para 0,20%).
A boa oferta de in natura no
mercado ajudou a reduzir preços no setor, com fortes deflações em hortaliças e
legumes (-7,59%) e em frutas (-8,17%), em junho. Isso fez com que cinco das
oito classes de despesa do IPC-C1 registrassem taxas mais baixas, no período. É
o caso de saúde e cuidados pessoais (1,71% para 0,38%), despesas diversas
(4,31% para 0,40%), habitação (1,18% para 0,90%), vestuário (0,48% para 0,33%)
e comunicação (0,22% para 0,18%). Braz não descartou continuidade da trajetória
de desaceleração do indicador este mês. Isso porque, em julho, está previsto
outro reajuste de administrados, mas que deve ajudar a desacelerar o IPC-C1. É
o caso do recuo autorizado de energia elétrica em São Paulo, de cerca de 7%,
disse.
O economista chamou atenção,
porém, para o fortalecimento da inflação da dupla arroz e feijão (2,84% para
15,14%), entre maio e junho. Isso porque houve quebras de safra de arroz e de
feijão, no mercado doméstico, o que reduz oferta e eleva preços, frisou ele.
"Somente o preço do feijão já acumula alta de 106,34% em 12 meses, no
IPC-C1", acrescentou. Os alimentos respondem por 33% do total do IPC-C1.
No IPC-BR, o peso é menor, de 26%, lembrou ele. Na prática, as recentes altas
de preços de arroz e feijão podem contribuir para que a inflação dos alimentos
opere em patamar mais alto entre as famílias de baixa renda, no final do ano,
acrescentou.
"Creio que a inflação
dos alimentos no IPC-BR deve encerrar o ano em 10,5% mas, no IPC-C1, devido ao
peso maior, deve finalizar acima disso", afirmou.
Isto, na prática, deve
conduzir a uma taxa de em torno de 7,2% de para o IPC-BR em 2016; e de cerca de
8,5% para o IPC-CI este ano, projetou ele.
Ascom Força Sindical