Mais que um ataque às “elites”, a participação do
ex-presidente Lula na festa do 1º de Maio, em São Paulo, é uma defesa prévia, a
qual não gostaria de estar fazendo, mas a ela é compelido pelo desespero de sentir
cada vez mais próximos os fatos que aos poucos vão liquidando o PT e seus
principais quadros.
Na saraivada de frases que proferiu,
cercado por uma plateia amiga e calculada – até pela evidente divisão das
forças sindicais –, o que ressai é a incoerência de sempre, o apelo a uma
realidade inexistente, na busca de envolver pela emoção o público mais sujeito
às investidas do seu confusionismo.
Não faz nenhum sentido, por exemplo, atribuir acusações de
tráfico de influência que lhe são feitas a um “medo inexplicável” de que volte
à presidência da República alguém que beneficiou, confessadamente, as classes
dominantes, especialmente grandes empresários e banqueiros. Seriam mesmo
“masoquistas”, como disse.
Lula está sendo citado como mentor, participante ou
beneficiário de transações nebulosas desde o mensalão, cuja existência ele
inicialmente aceitou, definindo-o como “uma facada pelas costas”, e depois
negou, prometendo que ia “desmontar a farsa” quando deixasse a presidência, e o
que vimos foi a condenação de seus aliados.
Durante dez anos, a cada nova suspeita que se levanta, o
silêncio e a dissimulação têm sido as práticas do ex-presidente. Agora, com a
nação à beira de uma convulsão, que poderá ter motivação de várias origens, ele
entende que é preciso reativar as baterias de bravatas e sofismas.
Empresários que fazem parte da “elite” ganharam muito
dinheiro ilícito em seu governo e no da presidente Dilma. Se agora abrem o
bico, não é porque sejam entes maléficos que conspirariam para impedir a
continuidade da “redenção” do povo brasileiro com sua volta ao cargo. Apenas
querem salvar a pele, mais ou menos o que Lula deseja para si.
Por Escrito