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segunda-feira, 20 de abril de 2020

Com isolamento, 58% dos brasileiros deixaram de pagar alguma dívida




Correio do Povo de Alagoas

Pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva mostra que depois de um mês do isolamento social provocado pela pandemia do novo coronavírus, 58% dos brasileiros deixaram de pagar alguma dívida - o que representa 91,040 milhões de pessoas. Entre aqueles que têm alguma conta em atraso, a média encontrada foi de quatro contas sem pagar. A pesquisa foi feita nos dias 14 e 15 deste mês, com 1.131 pessoas de 16 anos ou mais de idade, de 72 cidades de todas as unidades da Federação,
Na avaliação do presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, a covid-19 chegou na reta final de uma das mais longas crises econômicas da história do Brasil. “Encontrou uma população sem poupança e cada vez menos amparada pelos aparatos de proteção social.”
Meirelles destaca que uma das consequências econômicas mais graves dessa pandemia é a total falta de condição, de importante parcela da população, de honrar as contas.
Segundo ele, há um predomínio de endividamento por classe social. “Quanto menor a renda, maior o endividamento relacionado às contas mais simples, relacionadas ao dia a dia”.
Contas de água, luz, aluguel tiveram atrasos para 28%, 33% e 35% dos entrevistados, respectivamente. “Nas classes A e B, o destaque maior fica para o cartão de crédito, cheque especial e mensalidades escolares”, informou Meirelles.
Entre as contas atrasadas, carnê e crediário em lojas lideram a lista, com 46% das respostas; seguidas de cheque especial e cartão de crédito (37% cada) e parcelas de empréstimo bancário (36%).
Endividamento:
Renato Meirelles avalia que o volume de dívidas per capita (por indivíduo) - que no primeiro mês de isolamento registrou média de quatro contas contas por pessoa - deve crescer no próximo período.
“A pesquisa projeta um cenário bastante complicado para a adimplência, com um número crescente de pessoas que já admitem que, no próximo mês, não conseguirão honrar todos os seus compromissos”.
Contas de telefone e de internet, em especial, deverão aumentar o índice de inadimplência em maio, indicou o presidente do Instituto Locomotiva. Segundo ele, o isolamento social elevou o uso de dados para as crianças continuarem estudando e também para entretenimento e informação. “As famílias esperam que o governo e as empresas garantam o acesso a esse serviço que é considerado essencial para boa parte dos brasileiros”, observou.
Meirelles diz ainda que, tal como ocorreu no auge da recente crise econômica no país, deverá voltar a ocorrer o chamado "rodízio de contas", em que o consumidor escolhe quais contas pode pagar e quais vão atrasar, de acordo com o valor dos juros e o prazo de negociação antes de o serviço ser cortado pelo fornecedor.
“Como a maioria dos brasileiros acredita que a crise será longa, a tendência é que os consumidores pensem bastante antes de gastar”, destacou Meirelles. 

Edição: Lílian Beraldo/Agencia Brasil


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