O dólar à
vista atingiu nova máxima em R$ 4,2711 (+0,73%) no início da tarde desta quarta-feira,
27. O valor ainda está abaixo da máxima registrada na manhã da terça-feira, 26,
quando a moeda norte-americana bateu em R$ 4,2772, o que levou o Banco Central
a realizar o primeiro, dos dois leilão do dia, de venda de dólar spot.
O
operador Cleber Alessie Machado Neto, da corretora H.Commcor, diz que o mercado
se ajusta ao dólar forte no exterior após os indicadores positivos
norte-americanos, além de que o mercado local passou a trabalhar com tendência
de alta após a sinalização do ministro da Economia, Paulo Guedes, de tendência
de dólar alto e juros baixos.
"Só deve aliviar se o BC entrar com leilão de venda
de moeda spot", avaliou o profissional.
Segundo ele, o mercado vem gradualmente aceitando o dólar
alto e isso vem apoiando o movimento de zeragem de posições vendidas e fluxo
negativo. A moeda norte-americana chegou a abrir em queda de 0,3% em relação ao
real, cotada a R$ 4,2274. Depois, começou a subir e registrou uma alta de
0,57%, aos R$ 4,2549.
Para
o diretor-superintendente da corretora Correparti, Jefferson Rugik, o mercado
está tentando achar um ponto de equilíbrio, após a forte alta da terça-feira.
"Repercute ainda nas mesas o discurso do presidente do BC, Roberto Campos
Neto, que deixou bem claro que, se preciso for, a autoridade monetária voltará
e utilizar de sua artilharia para evitar uma alta excessiva da moeda."
Em evento na terça-feira, Campos Neto afirmou que o BC
voltará a intervir no mercado, se identificar movimentos
"disfuncionais" na cotação da moeda. "Se amanhã (hoje) o BC
entender de novo que há um movimento disfuncional e que há gap de liquidez,
voltaremos a fazer intervenção. Mas essas intervenções não têm capacidade de
alterar movimentos de longo prazo, que têm como origem bases macroeconômicas.
Elas apenas atenuam o movimento de curto prazo", disse.
A alta do dólar frente o real nesta manhã se alinha
também ao viés positivo do índice DXY, que compara a moeda americana frente uma
cesta de seis moedas fortes, na esteira do otimismo dos investidores com as
negociações comerciais entre Estados Unidos e China. O diretor de Política
Monetária e Política Econômica do Banco Central, Bruno Fernandes, reiterou
nesta quarta-feira que a instituição não atua no mercado de câmbio para
perseguir um nível específico, mas, sim, para prover liquidez quando há
"mau funcionamento" no mercado.
"É
o nosso dever. O BC entende que fez isso em agosto, fez isso com os dois
leilões de ontem, foi uma dinâmica parecida, no pior novembro em muitos anos,
com o mercado especulando em cima de highlights, declarações, sem fundamento.
Então, o BC achou bem por bem intervir, olhando o mau funcionamento, não o
nível de câmbio", explicou Fernandes, participante de seminário da
Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento e Mercado de Capitais
(Apimec) em São Paulo.
O diretor ressaltou ainda que, se o mercado não operar
adequadamente, o BC fará uma nova intervenção.
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