O
diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, é um dos autores do artigo que
anunciou hoje (29) a descoberta, no Líbano, de uma nova espécie de réptil
voador: o pterossauro, o primeiro grupo de vertebrados a desenvolverem o voo
ativo. A nova espécie recebeu o nome de Mimodactylus, em alusão ao Mineral
Museum, Saint Joseph’s University em Beirute, no Líbano, instituição onde o
material está guardado atualmente.
Junto ao nome do museu, foi
acrescido dactylus, que em grego significa dígito e a espécie libanensis, em
homenagem ao Líbano, país onde o exemplar foi encontrado. O Mimodactylus
pertence a um novo grupo denominado Mimodactylidae, que reúne além de
Mimodactylus, o chinês Haopterus gracilis.
Conforme o estudo dos
pesquisadores, a nova espécie tinha cerca de 1 metro e 32 cm de uma ponta a
outra das asas. O focinho era comparativamente largo e os dentes espaçados e
pontiagudos.
O diretor revelou que após ter sido encontrada por um
libanês, a peça foi levada para o professor Michael Caldwell, da University of
Alberta, no Canadá, que o convidou para participar da pesquisa. Caldwell é o
segundo autor do artigo. Kellner disse que coordenou a pesquisa e fez a
discrição desse material.
O fóssil foi encontrado
entre rochas formadas há aproximadamente 95 milhões de anos, durante o
Cenomaniano. Na época, o Líbano fazia parte de um imenso continente reunindo
também a península arábica e a África. No aspecto científico, de acordo com
Kellner, esse animal é o mais completo de uma região que tem poucos répteis
voadores. “Ele é completo, tem um crânio, tem absolutamente todas as partes, o
que a gente até agora nunca tinha encontrado”, contou na entrevista.
O diretor acrescentou que o
animal pertence a um novo grupo e tem dentição característica, que poderia ser
usada para se alimentar de insetos ou de crustáceos, o que acabou registrado no
artigo. “A gente optou por crustáceos, porque este animal é bem largo na frente
do seu bico, o que o diferencia de todos os outros pterossauros”, completou.
Para o pesquisador, a
descoberta mostra que a ciência ainda está engatinhando no estudo dos répteis
alados, que há milhões de anos povoavam esse pedaço do mundo. “Esse animal
viveu 95 milhões de anos quando aquela região toda era um arquipélago com
várias ilhas das quais essa parte do Líbano era uma delas”, afirmou.
O artigo
tem participação de pesquisadores de vários países, sendo que três são do Museu
Nacional. Além do diretor, é assinado pelo aluno espanhol de doutorado do
Programa de Pós-gradução em Zoologia do Museu Nacional, Borja Holgado e pela
paleontóloga e pesquisadora da Universidade Federal de Pernambuco e
colaboradora do Museu Nacional, Juliana Sayão.
Na visão de
Kelnner, a descoberta demonstra também que o Museu Nacional está vivo nas
pesquisas com referências mundiais. Ele revelou ainda que vai permanecer nas
pesquisas que virão em seguida para novas descobertas. “O Museu Nacional,
apesar de toda a tragédia [do incêndio], continua podendo gerar conhecimento. É
uma revista importante do grupo Nature envolve uma pesquisa com todas as
pessoas identificadas. A gente tem esperança que no futuro com as novas
exposições, tenha um desses animais em vida nas nossas exposições”, concluiu.
Agencia Brasil
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