O Brasil se tornou independente do seu colonizador (Portugal), mas
continuou sendo governado por ele, ou melhor, por um soberano da Metrópole (D.
Pedro I). Ou seja: o Brasil nasceu fundado na falsidade (em 1822). Tornou-se,
depois de muitos conchavos, a única monarquia na América (“flor exótica na
América”).
Havia
brasileiros que queriam uma democracia, outros uma república (que só veio em
1889), terceiros uma federação (como a dos EUA). Todos os interesses das (ainda
pequenas) elites parasitárias (traficantes de escravos, fazendeiros, senhores
de engenho, pecuaristas, charqueadores, comerciantes, padres e advogados
envolvidos com o poder) foram preservados (mantendo-se, evidentemente, apesar
da elaboração de uma das constituições mais “liberais” e “avançadas” do mundo –
Constituição de 1824 -, a escravidão).
No papel
o Brasil era “liberal”; na prática, escravocrata. Essa falta de sintonia entre
o que as leis prescrevem e o que é, na verdade, a realidade, continua até hoje.
As mentiras que as leis contam são flagrantes, a começar pelas emblemáticas
frases de efeito de que “todo o poder emana do povo”, “todos são iguais perante
a lei” etc.
Coitado
do povo, tanto antes como dois séculos depois: continua repleto de ignorância,
de ódio, de desconfiança, de revolta, enojado com as iniquidades, as injustiças
e as desigualdades, geradas por uma classe dominante parasitária (sobretudo a
política) que tudo faz para que nada se altere, para que as fontes da sua
parasitagem não sequem jamais, embora esse processo seja irreversível, porque
um dia o parasitado (seja o escravo, seja o erário público, seja o povo
explorado) morre de inanição e todos naufragam. Assim se passou com o Império
romano, assim ocorreu com o império Português e Espanhol etc. Nenhuma nação
parasitária dura eternamente, porque seus órgãos vão se atrofiando, até chegar
ao desaparecimento.
Jurista e
professor. Fundador da Rede de Ensino LFG. Diretor-presidente do Instituto
Avante Brasil. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983), Juiz de Direito (1983 a
1998) e Advogado (1999 a 2001).
Fonte:
Verdades Cotidianas
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