A defesa do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou nota nesta quinta-feira (4) na
qual rebate carta em que o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro diz não ter
mentido ou sido coagido para incriminar o petista.Segundo o advogado de Lula,
Cristiano Zanin Martins, o relato do empreiteiro em carta encaminhada à Folha
de S.Paulo é incompatível com os diálogos entre procuradores da Lava Jato
publicados por Folha de S.Paulo e The Intercept Brasil no último domingo (30).
No
manuscrito feito na prisão, em Curitiba, e publicado pela Folha de S.Paulo
nesta quinta (4), a testemunha-chave para a condenação do ex-presidente Lula no
caso do tríplex de Guarujá (SP) reafirma as acusações que fez contra o petista,
diz que todas foram endossadas por provas e rechaça a possibilidade de ter
adaptado suas declarações para que seu acordo de delação premiada fosse aceito
pela Lava Jato. O ex-presidente da OAS decidiu enviar a carta depois de reportagem
da Folha de S.Paulo, produzida a partir de análise de mensagens obtidas pelo
site The Intercept Brasil, ter mostrado que o empreiteiro foi tratado com
desconfiança pelos procuradores da Lava Jato durante quase todo o tempo em que
se dispôs a colaborar com as investigações.
As
mensagens indicam que Léo Pinheiro, ex-presidente da construtora OAS, só passou
a ser considerado merecedor de crédito após mudar diversas vezes sua versão
sobre o apartamento de Guarujá que a empresa afirmou ter reformado para o líder
petista. Léo Pinheiro só apresentou a versão que incriminou Lula em abril de
2017, mais de um ano depois do início das negociações com a Lava Jato, quando
foi interrogado pelo então juiz Sergio Moro no processo do tríplex e disse que
a reforma do apartamento era parte dos acertos que fizera com o PT para
garantir contratos da OAS com a Petrobras.
A
defesa de Lula contesta a carta de Léo Pinheiro. "A carta encaminhada por
Léo Pinheiro (...) é incompatível com os diálogos de procuradores da Lava Jato
divulgados pelo próprio jornal e pelo The Intercept e em momento algum abala o
que sempre foi demonstrado pela defesa do ex-presidente Luiz Inacio Lula da
Silva: na prisão, Pinheiro fabricou uma versão para incriminar Lula em troca de
benefícios negociados com procuradores", diz a nota assinada por Cristiano
Zanin, advogado do ex-presidente, preso desde abril de 2018 em Curitiba. Segundo
o advogado, "a pressão sobre Léo Pinheiro para incriminar Lula, tal como
revelado pelos citados diálogos, é compatível com os acontecimentos da
época".
Ele
cita reportagem da Folha de S.Paulo, de 2016, segundo a qual a delação do sócio
da OAS havia travado após ele inocentar Lula. A defesa de Lula aponta que, em
uma petição protocolada pela OAS em 7 de fevereiro de 2017, a empreiteira
informou ao então juiz Sergio Moro que "não foram localizadas contratações
ou doações para ex-presidentes da República, tampouco para institutos ou
fundações a eles relacionadas".
"Vale dizer, a própria empresa que teve Pinheiro
como sócio não identificou em seus arquivos ou em sua contabilidade qualquer
imóvel destinado a Lula por meio de doação ou qualquer outra forma.
Bastidores
do Poder
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