Ao ser
questionado sobre o fato de que a comunicação do palácio não sabe dizer
exatamente quem seria responsável pelo conteúdo e envio da mensagem, Mourão
desconversou. "Também não sabe? Então... Eu nem vi esse vídeo", respondeu
o presidente em exercício.
No
material distribuído pelo Planalto no domingo, data em que o golpe de 1964
completou 55 anos, o apresentador diz que o Exército "salvou" o País.
"O Exército nos salvou. O Exército nos salvou. Não há como negar. E tudo
isso aconteceu num dia comum de hoje, um 31 de março. Não dá para mudar a
história", diz o apresentador do vídeo em um trecho do material.
O vídeo tem aproximadamente dois minutos, não traz a
indicação de quem seria seu autor e foi distribuído por um número oficial de
WhatsApp do Planalto, usado pela Secretaria de Comunicação da Presidência para
o envio de mensagens de utilidade pública, notícias e serviços do governo
federal. Para receber os conteúdos, os jornalistas precisam ser cadastrados no
sistema.
A assessoria de imprensa do Planalto foi procurada e,
como resposta, disse que não iria se pronunciar. A equipe também confirmou que
o canal usado para disparar o vídeo é mesmo oficial. "Sobre o vídeo a
respeito do dia 31 de março, ele foi divulgado por meio de nosso canal oficial
do governo federal no WhatsApp. O Palácio do Planalto não irá se
pronunciar."
O mesmo vídeo foi compartilhado no Twitter pelo deputado
federal e filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). "Num dia como o
de hoje o Brasil foi liberto. Obrigado militares de 64! Duvida? Pergunte aos
seus pais ou avós que viveram aquela época como foi?", escreveu, no post
em que anuncia o vídeo.
O
aniversário de 55 anos virou pano de fundo para mais uma polêmica na gestão
Jair Bolsonaro, após o presidente recomendar aos quartéis comemorarem a
"data histórica". Em entrevista ao programa Brasil Urgente, da TV
Bandeirantes, ele também minimizou o fechamento do Congresso Nacional, ao
comparar a edição de decretos-leis e a edição de medidas provisórias pelo
governos pós-ditadura. "Entre os probleminhas que nós tivemos e que outros
países tiveram, olha a Venezuela a que ponto chegou?" Diante das reações,
Bolsonaro mudou o discurso e passou a falar em "rememorar" o golpe.
As discussões em torno da data foram parar na Justiça. No
último sábado, uma juíza de plantão no Tribunal Regional Federal da 1.ª Região
cassou liminar que proibia o governo de promover os eventos alusivos ao golpe
de 1964. Apesar de "reconhecer a sensibilidade do tema em análise",
Maria do Carmo Cardoso decidiu que a recomendação do presidente Bolsonaro para
comemorar a data se insere no âmbito do poder administrador.
Bastidores
do Poder
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