Os
partidos do centro – PSDB, MDB, DEM, PP, PSD, PROS e PHS – lideram as pesquisas
do Ibope de intenção de voto nas eleições 2018 para os governos de 16 Estados.
Apesar da fragmentação dessa força política, que se dividiu em quatro
candidaturas à Presidência e hoje potencialmente fora da disputa do segundo
turno, segundo as pesquisas, ela deve ganhar o mesmo número de unidades da
federação que em 2014. Esses partidos compunham a base original do governo de
Michel Temer – o PSB, que também participou da base, deve vencer em outros seis
Estados. Os resultados das pesquisas mostram que, apesar da polarização entre
esquerda e extrema-direita na corrida presidencial, 21 dos 27 governadores
devem sair de legendas que não apoiam nem o petista Fernando Haddad nem o
deputado Jair Bolsonaro, do PSL. A coligação que dá sustentação à candidatura
de Haddad tem chance de eleger seis governadores, contando um do PROS, que
deixou de ser centro. Os demais devem vir do PT (4) e do PCdoB (1). Já PSL e
PRTB, que estão com Bolsonaro, não lideram em nenhum Estado. O cenário é bem
diferente do ocorreu em 2014, quando as alianças que foram para o segundo turno
elegeram 23 dos 27 governadores. Com a eleição de governadores centristas,
cientistas políticos consideram que eles podem desempenhar um papel de
contrapeso e moderação a partir de 2019, a depender de sua capacidade de
articulação. Ao todo, quem mais tem candidatos em primeiro ou segundo lugar nas
disputas estaduais é o PSDB (8), seguido pelo PT (7), PSB (7) e MDB (7), além
de DEM e PDT, com 5 cada um. As projeções impõem um desafio à governabilidade,
segundo a professora de Ciência Política Vera Chaia, da PUC-SP. “Existe
interdependência. Do presidente em relação aos governadores para formar suas
bases eleitorais e no Congresso, mas também dos governadores em relação ao
presidente para execução de seus programas. As brigas políticas para conseguir
verbas também dependem da boa relação do presidente”. Outro papel importante
dos governadores será na negociação e aprovação de futuras reformas, como a da
Previdência e a tributária. “Nossos governadores terão um papel importante de
diálogo com o futuro presidente. Buscaremos o entendimento”, afirmou o senador
Ronaldo Caiado (DEM-GO), que pode se eleger no primeiro turno para o governo de
Goiás, segundo as pesquisas. A eleição de candidatos ligados ao centro, além de
mostrar o descolamento das disputas estaduais da polarização presidencial,
aponta para uma possível estabilidade pós-eleição. “O Congresso se adapta ao
presidente. A ideia dos governadores não alinhados faz com que eles também
tenham que se adaptar. Se não, fica inviável governar”, diz o cientista
político Kleber Carrilho, da Universidade Metodista de São Paulo. Na esquerda,
PT, PSB e PCdoB têm chances de manter oito Estados no Nordeste. Dirigentes
petistas admitem reservadamente que o partido deve eleger menos governadores do
que em 2014. O partido dificilmente manterá Minas e o Acre, a mais longeva
administração da legenda, governada pelo PT desde 1995. As esperanças são as
reeleições na Bahia, Ceará e Piauí e vitórias no Rio Grande do Norte e Santa
Catarina. “Vamos para o segundo turno em Minas e no Acre”, disse a secretária
nacional de Organização do PT, Gleide Andrade. Segundo ela, “quando ficar
polarizado, o Haddad vai crescer muito em Minas e o (Antonio) Anastasia (PSDB)
não vai mais poder continuar escondendo Aécio (Neves)”. Quatro anos após a
morte de Eduardo Campos em um acidente aéreo, o PSB se reergueu e chega com
perspectiva de vitória em Sergipe, Paraíba, Amapá, Amazonas, Pernambuco e
Espírito Santo. “Isso mostra que fizemos o planejamento estratégico correto e
que nosso partido consegue se renovar e espalhar lideranças”, disse o
presidente da legenda, Carlos Siqueira. “Bom não é (estar restrito a uma
região), mas é melhor do que nada”, analisa o cientista político Rodrigo
Prando, da Universidade Mackenzie.
Estadão Conteúdo
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