Caso concreto:
Também
especialista em Direito Eleitoral, a advogada Gabriela Rollemberg explica que a
aplicação concreta da lei é mais complexa do que supõem os analistas. Segundo
ela, nunca houve um caso concreto parecido, de candidato a presidente da
República à espera de recurso contra condenação penal que participou da
campanha normalmente.
Gabriela
conta que houve casos de candidatos a prefeito ou a deputado estadual
condenados por crimes em que o TSE barrou a candidatura depois. Mas nesses
casos, a corte atuou como instância extraordinária, julgando recursos. No caso
de candidatos a presidente, o TSE age como instância ordinária, que avalia os
pedidos como tribunal de primeiro grau.
Os precedentes conhecidos do TSE são o do ex-governador
do Distrito Federal José Roberto Arruda, que teve a candidatura barrada pelo
tribunal, e do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), que teve autorização.
Ambos os casos, além de não serem de candidatos a presidente da República,
tratavam de casos de improbidade administrativa.
A advogada afirma que é muito provável que a questão seja
levada ao Supremo Tribunal Federal, e daí decorrem duas possibilidades. A
primeira é a campanha correr normalmente até que o STF se pronuncie. A segunda,
que o STF entenda que não há matéria constitucional em discussão no caso e
denegue a competência, fazendo valer o entendimento do TSE.
“E aí tudo se resumirá a prazos”, diz Gabriela. A Justiça
Eleitoral pode considerar causas de inelegibilidade surgidas até a data da
eleição, que podem ser apresentadas até três dias depois da diplomação. Só que
o prazo para substituição de candidatos é de até 20 dias antes da eleição.
“Caso ele [Lula] persista na candidatura com o registro indeferido, todos os
votos nele serão considerados nulos. Sendo assim, mesmo que ele conseguisse
votos suficientes para ir ao segundo turno, não poderia participar”, afirma.
Fernando Neisser ainda aventa a possibilidade de o
ex-presidente conseguir votos suficientes para ganhar a eleição já no primeiro
turno. Caso o registro da candidatura seja indeferido depois de ele ter sido
eleito, as eleições inteiras seriam anuladas. Ele lembra que as pesquisas de
opinião publicadas até agora mostram Lula como o campeão de intenções de voto.
Fonte: Painel Político
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