A
segunda denúncia contra o presidente Michel Temer não deve ser
"fatiada" pela Câmara dos Deputados. No mesmo processo em que o
peemedebista é acusado, pela Procuradoria-Geral da República (PGR), de
obstrução de justiça e organização criminosa, constam os ministros Eliseu
Padilha, da Casa Civil, e Moreira Franco, da Secretaria-Geral. Para o Planalto,
no caso de haver uma divisão da denúncia, o trabalho do governo teria de ser
dobrado para conseguir barrar, com o apoio do Congresso, o prosseguimento das
investigações relacionadas tanto a Temer quanto aos ministros. Um desgaste
duplo.
“Seria
um trabalho dobrado. Teríamos que conversar duas vezes com cada deputado. Isso
ampliaria o desgaste e as cobranças”, resumiu um dos participantes da reunião
entre Temer e integrantes da articulação política do governo, durante reunião,
na noite desse domingo (24), no Palácio do Jaburu.
Assim
como o presidente da República, a denúncia criminal contra os ministros precisa
ser autorizada pela Câmara dos Deputados antes de prosseguir para o Supremo
Tribunal Federal (STF). Técnicos da área jurídica da Câmara estão avaliando o
caso, mas uma decisão final cabe ao presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Ele, segundo informações do blog do Gerson Camarotti, no portal G1, já teria
sinalizado que não fatiará a denúncia. Já citou, inclusive, uma jurisprudência
do Supremo Tribunal Federal (STF) nesse sentido.
"A
denúncia deve correr junta. É jurisprudência do Supremo. Ministros só serão
autorizados pela Câmara em crimes conexos ao do presidente. Se não tivesse o
Michel, eles seriam julgados diretamente pelo Supremo", disse Maia.
Em
todo caso, a tensão iniciada na semana passada, entre Maia e líderes do partido
do presidente, o PMDB, mantém o Planalto em alerta. O presidente da Câmara não
poupou críticas aos "cabeças" da legenda, acusando-os de estarem
impedindo o crescimento do Democratas, ao convencer dissidentes do PSB, já
visados pelo DEM, a filiarem-se à sigla.
No
entanto, no encontro de ontem, Temer garantiu estar tudo bem entre ele e Maia,
com quem teria falado no sábado (23), em razão do aniversário de 77 anos do
peemedebista.
Com
a denúncia sendo mantida em conjunto, uma possível decisão da Câmara de
arquivar o processo envolvendo o presidente também resultaria no arquivamento
da investigação contra os ministros. O advogado do ministro Eliseu Padilha,
Daniel Gerber, defendeu a manutenção da denúncia unificada. Já a defesa de
Moreira Franco se pronunciou, por meio de assessoria, e disse que “decisão
judicial não se discute. Se cumpre”.
Bastidores
do Poder
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