Os sete ministros do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vão se reunir nesta terça-feira a partir das
9 horas para julgar o maior caso de sua história. São 7.942 páginas, divididas
em 27 volumes, que trazem provas documentais, depoimentos, argumentos da
acusação, defesa e Ministério Público sobre a suspeita de que a chapa formada
por Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB) cometeu abuso de poder político e
econômico para vencer as eleições de 2014. Os ministros vão decidir se há
indícios suficientes para cassar ou não o atual presidente e tornar inelegível
a ex-presidente.
O TSE montou um esquema
especial para fazer o julgamento. Foram convocadas quatro sessões plenárias —
duas extraordinárias e duas ordinárias — que serão transmitidas ao vivo pela TV
Justiça. A segurança do prédio também foi reforçada, já que se espera o
plenário lotado (o limite máximo é de 240 pessoas sentadas). Fora da galeria,
100 pessoas poderão acompanhar a sessão num telão. A Polícia Militar fará rondas
no entorno do local.
A partir das 9 horas, o
ministro relator, Herman Benjamin, também corregedor-geral da Corte, dará
início ao julgamento, lendo um resumo da ação e deliberando sobre algumas
questões preliminares, como o pedido de maior prazo feito pela defesa dos
acusados. Na sequência, os advogados da acusação farão a sua explanação;
seguidos pelos advogados de Dilma, de Temer e dos seus respectivos partidos, PT
e PMDB, e pelo representante do Ministério Público Eleitoral (MPE). Segundo o
regimento do TSE, cada um terá no máximo quinze minutos para falar.
Os argumentos de todas as
partes envolvidas já é conhecido. Autor da ação, o PSDB pede que Temer seja
isentado “de qualquer prática ilícita” e que Dilma seja considerada inelegível
por haver “provas cabais” contra ela. Os advogados de Temer defendem a tese de
que as condutas sejam separadas, enquanto os de Dilma são contra a cisão — os
dois negam as acusações. Com base nos depoimentos dos delatores da Odebrecht, o
Ministério Público Eleitoral (MPE), por sua vez, vê o envolvimento direto de
Dilma no esquema e de menor grau por parte de Temer, mas é a favor da cassação
dos dois por considerar inviável a divisão da chapa.
Só depois de as partes se
manifestarem, Benjamin pronunciará o seu voto, o que não deve ser feito em
poucas horas, já que o seu relatório tem 1.032 páginas. Na sequência,
pronunciam-se os ministros Napoleão Nunes Maia, Henrique Neves, Luciana Lóssio,
Luiz Fux (vice-presidente do TSE), Rosa Weber e, por último, Gilmar Mendes
(presidente da Corte). Diante da magnitude da ação, a expectativa é de que
algum ministro peça vista do processo. Se isso ocorrer, não haverá prazo para a
retomada do julgamento porque o ministro pode levar o tempo que achar
necessário para devolvê-lo.
O governo Temer conta com
isso para adiar o resultado definitivo até o fim de 2018, quando o tribunal
passará a se ocupar das eleições daquele ano. Nesse meio-tempo, o peemedebista
deve nomear um ministro para a vaga de Luciana Lóssio, cujo mandato termina em
5 de maio. Na semana passada, ele anunciou o advogado Admar Gonzaga como
substituto de Henrique Neves, que fica no cargo até 16 de abril. Neves, no
entanto, pode antecipar o seu voto, assim como Luciana.
Bastidores do Poder
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