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sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Não aceitaremos prato-feito na Reforma da Previdência - Por Carlos Ortiz – Parte ll



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Um dos principais argumentos do governo para justificar a Reforma da Previdência se estabelece pela equação de que cada vez mais cresce a população idosa e diminui o número de novos trabalhadores no mercado. Evidente que é um fato a ser considerando, mas precisa ser relativizado, pois a equipe econômica de Temer também se alicerça em projeções questionáveis para ratificar a necessidade de se fazer a Reforma a qualquer custo.
Utilizam como base o número de idosos em 2060, desconsiderando o contexto de que a sustentabilidade da Previdência também se relaciona diretamente ao número de trabalhadores formais e que, daqui a 42 anos, as relações de trabalho poderão ser totalmente diferentes das estabelecidas atualmente, o país poderá retomar o crescimento, dentre tantas outras variáveis que poderão acontecer e alterar qualquer projeção.
Não dá para determinar o fim da Previdência com base numa projeção do futuro, como se lendo os astros ou o horóscopo. É demasiadamente simplista ou demasiadamente maquiavélica.
Aposentadorias a partir de 65 anos para homens e mulheres também necessitam de amplo debate para compreender situações de trabalhadores de setores pesados como a construção civil, operários de linha de produção, entre outras profissões que exigem vigor físico.
Além das limitações do corpo, é importante lembrar que atualmente existem 12 milhões de cidadãos em idade ativa que estão desempregados.
Se não há emprego nem para os que estão com menos de 40 anos, não precisa ser sociólogo para projetar o futuro tenebroso que virá para completar 35 anos de contribuição e 65 anos de idade para se aposentar.
Diante de uma população que sofre faminta por empregos, com o país estagnado, com achatamento da qualidade de vida, Temer chega com seu cardápio neoliberal e apresenta um prato-feito, requentado, apimentado e indigesto.


Carlos Ortiz é presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos e ex-Secretário de Emprego e Renda do Governo do Estado de São Paulo.

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