Um dos principais argumentos
do governo para justificar a Reforma da Previdência se estabelece pela equação
de que cada vez mais cresce a população idosa e diminui o número de novos
trabalhadores no mercado. Evidente que é um fato a ser considerando, mas
precisa ser relativizado, pois a equipe econômica de Temer também se alicerça
em projeções questionáveis para ratificar a necessidade de se fazer a Reforma a
qualquer custo.
Utilizam como base o número
de idosos em 2060, desconsiderando o contexto de que a sustentabilidade da
Previdência também se relaciona diretamente ao número de trabalhadores formais
e que, daqui a 42 anos, as relações de trabalho poderão ser totalmente
diferentes das estabelecidas atualmente, o país poderá retomar o crescimento,
dentre tantas outras variáveis que poderão acontecer e alterar qualquer
projeção.
Não dá para determinar o fim
da Previdência com base numa projeção do futuro, como se lendo os astros ou o
horóscopo. É demasiadamente simplista ou demasiadamente maquiavélica.
Aposentadorias a partir de
65 anos para homens e mulheres também necessitam de amplo debate para
compreender situações de trabalhadores de setores pesados como a construção civil,
operários de linha de produção, entre outras profissões que exigem vigor
físico.
Além das limitações do
corpo, é importante lembrar que atualmente existem 12 milhões de cidadãos em
idade ativa que estão desempregados.
Se não há emprego nem para
os que estão com menos de 40 anos, não precisa ser sociólogo para projetar o
futuro tenebroso que virá para completar 35 anos de contribuição e 65 anos de
idade para se aposentar.
Diante de uma população que
sofre faminta por empregos, com o país estagnado, com achatamento da qualidade
de vida, Temer chega com seu cardápio neoliberal e apresenta um prato-feito,
requentado, apimentado e indigesto.
Carlos Ortiz é presidente do
Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos e ex-Secretário de
Emprego e Renda do Governo do Estado de São Paulo.
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